Texto de Antonia Alves

Um congresso para colocar o mundo em sintonia com as reflexões e práticas acerca do tema da educação midiática reuniu pesquisadores, em 1998. Vinte anos depois, a cidade de São Paulo torna-se palco novamente da segunda edição do Congresso Internacional de Comunicação e Educação. A primeira mesa de debate irá celebrar os 20 anos das discussões acerca das iniciativas e políticas em torno educação midiática em nível internacional e nacional com pesquisadores do Canadá, Itália, Espanha, México e Brasil.

Para o coordenador da mesa, o presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em Comunicação e Educação (ABPEducom), Ismar de Oliveira Soares, a proposta de discussão gira em torno do “que nos ensina a recente história da educação midiática e como favorecer a articulação regional e mundial das iniciativas em educação midiática?”. Pois, será composta por lideranças reconhecidas por seu envolvimento com o tema, “quer em suas conexões com programas como os da Unesco quer como articuladores de políticas de Media Education ou Educomunicação”, argumenta.

Do contexto brasileiro com as discussões em torno da educomunicação, Ismar fará a mediação da mesa com expositores que coordenam redes de especialistas em educação midiática, em seus países – Canadá, Itália, Espanha, México e Brasil – ou mesmo no contexto internacional como é o caso de Carolyn Wilson, presidente do Comitê Diretivo Internacional GAPMIL/Unesco. Da Itália, Espanha e México, as discussões abordam a educação midiática a partir das experiências de Gianna Maria Capello, de Ignácio Aguarded e de Guillermo Orozco.

Alfabetização midiática e informacional, olhares da Unesco

“Precisamos de pessoas em todo o mundo que saibam como acessar informações, avaliar o que estão sendo contadas e usar as informações para participar de suas comunidades locais e globais,” defende a premiada canadense Carolyn Wilson, que é presidente do Comitê Diretivo Internacional GAPMIL/Unesco.

A educadora, autora e consultora, que atua com alfabetização midiática e informacional e educação global há mais de 30 anos, acumula quatro prêmios. Em 2005, o Prêmio de Excelência de Ensino veio do Primeiro Ministro de seu país. Respectivamente, em 2011 e 2012, vieram os prêmios Distinguished Contributions to Teaching do Instituto de Estudos de Educação de Ontário, da Universidade de Toronto; e de Excelência de Ensino do Conselho de Estudantes da Western University. Ainda em 2017, em Wilson recebeu o Reconhecimento de Realizações pelo Governo do Canadá.

É Presidente do Comitê Internacional de Direção da Aliança Global para Parcerias em Alfabetização de Mídia e Informação, uma aliança iniciada pela UNESCO com mais de 600 organizações de 80 países. Ainda, coordena o programa de formação de professores na Faculdade de Educação da Western University.

Para a UNESCO, Carolyn foi a principal redatora e coordenadora do Currículo para Professores de Alfabetização de Mídia e Informação (MIL/AMI), um documento que foi traduzido para 11 idiomas. O projeto do currículo da AMI incluiu o desenvolvimento, projeto e entrega de testes de campo e sessões de treinamento em Colombo, Sri Lanka, para a região da Ásia-Pacífico; em Pretória, África do Sul, para a região da África do Sul; e em Montego Bay, Jamaica, para a região do Caribe. Além disso, Carolyn é coautora das Diretrizes de Política e Estratégia da UNESCO para o desenvolvimento e implementação de programas e políticas de alfabetização midiática e informacional.


Educação midiática, um olhar a partir da Itália

À frente da Associação Italiana de Educação para Mídia (MED), Gianna Maria Cappello está trabalhando em um livro sobre usos de mídia social, políticas de trabalho digital e regulamentação de mídia dentro de uma perspectiva de economia política e como isso afeta os sistemas de educação de mídia e de educação formal.

Como professora da Università degli Studi di Palermo, na Itália, ela desenvolve pesquisas sobre teoria crítica e estudos de mídia, educação de mídia, sociologia de mídia digital e sociologia da educação. Ainda de lecionar em nível de graduação e pós-graduação, atua em programas de treinamento de professores em educação midiática.

A pesquisadora é co-fundadora e atual presidente do MED, co-editor da revista MED Media-Studi, Ricerche e Buone Pratiche, co-fundadora e atual vice-presidente da IAME (Associação Internacional de Educação para a Mídia).


Educação midiática a partir da Espanha

Um veterano na Espanha em Educação através da mídia de massa. Assim, é considerado Ignacio Aguaded, professor do departamento de Educação da Universidade de Huelva, na Espanha.

Lidera os campos de Tecnologia e Inovação e é presidente do Grupo Comunicar, na Andaluzia, que atua com publicações, treinamento e planos de pesquisa. O grupo publica a revista científica ibero-americana de Comunicação e Educação “Comunicar”, da qual ele é gerente. Ainda é consultor científico de revistas nacionais e internacionais, bem como gerente do grupo de investigação “Agora”.

Aguaded esteve no Brasil em agosto de 2016 para participar do seminário “Educomunicação na práxis social”, promovido pelo Departamento de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Na ocasião, concedeu uma entrevista à revista Comunicação e Educação, em que destacou os avanços dos estudos da educomunicação e da educação midiática.


Alfabetização audiovisual e os estudos de recepção

Com estudos voltados para a recepção de mídia e alfabetização audiovisual, Guillermo Orozco Gómez, da Universidade de Guadalajara, no México, uma de suas pesquisas enfocou o impacto da televisão na formação de plateias na América Latina. Atualmente, é chefe do Departamento de Pesquisa da Comunicação Social da Universidade de Guadalajara.

Orozco Gómez atuou como coordenador do grupo de trabalho que estuda a recepção da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC) e foi professor da Unesco em Bogotá-Colômbia e Barcelona-Espanha.

Em entrevista concedida à Revista Comunicação e Educação por ocasião do I Congresso Internacional de Comunicação e Educação, em 1998, Orozco demonstra suas preocupações em aprender a ensinar e ensinar para transformar.

É autor de vários livros sobre comunicação e mídia na América Latina, como Televisão e audiências: uma abordagem qualitativa (1996), Pesquisa em Comunicação dentro e gora da América Latina: tendências, perspectivas e desafios dos estudos da mídia (1997), Televisão, audiências e educação (2001), dentre outros.

Serviço

A mesa redonda 1 “20 anos de educação midiática: perspectivas históricas” acontecerá em 12 de novembro, das 09h30 às 12h30, na ECA/USP. A mesa conta com participação de Ismar de Oliveira Soares, da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação; de Gianna Maria Cappello, da Associação Italiana para a Educação para os meios e para a comunicação; de Ignácio Aguaded, do Grupo Comunicar da Universidade de Huelva, Espanha; de Guillermo Orozco, da Associação Latino-Americana de Investigadores da Comunicação (ALAIC).

As inscrições para o II Congresso Internacional de Comunicação e Educação e VIII Encontro Brasileiro de Educomunicação, que vai de 12 a 14 de novembro, podem ser feitas pelo site www.abpeducom.org.br/congresso. As vagas são limitadas e há desconto para inscrições antecipadas.

Tem uma sugestão de pauta? Envie para [email protected]