O segundo diálogo online em comemoração às três décadas de promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) discorreu sobre alguns dos projetos educomunicativos de sucesso que buscam o empoderamento de crianças e jovens. Este foi um dos assuntos abordados na décima transmissão do ciclo de lives da ABPEducom, em 22 de setembro, com o tema “30 anos do ECA: Respostas da Educomunicação”. Esta edição também foi correalizada com o Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe).

O evento teve a participação de Davi Quintanilha de Azevedo, defensor público do Estado de São Paulo e coordenador do Núcleo Especializado em Cidadania e Direitos Humanos; as jovens Jamily Vitória Marcolino Ferreira, do projeto Imprensa Jovem, desenvolvido pelo Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP), e Anna Beatriz, guia no Memorial do Homem Kariri, gerente da Gibiteca da Casa Grande e colaboradora do programa infantil Submarino Amarelo na Rádio Comunitária Casa Grande FM; Fabiana Barbosa, produtora cultural, oficineira, assistente social e diretora da Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri; e Michele Marques Pereira, educomunicadora, professora, pesquisadora, fotógrafa e Diretora de Assuntos Profissionais e Formação Continuada da ABPEducom. A mediação foi dos pesquisadores Paola Prandini (diretora cultural) e Mauricio Virgulino (associado). Assista à gravação completa no vídeo abaixo.

A abertura da live foi feita por Azevedo, que falou sobre a ligação da Educomunicação com os Direitos Humanos e o ECA, por meio do incentivo ao pensamento crítico e para a consolidação de uma sociedade mais consciente. Para Azevedo, os processos educomunicativos contribuem para a garantia dos direitos à comunicação e ao acesso à informação.

Já Ferreira relatou sua experiência no projeto Imprensa Jovem, do qual participa há dois anos. A estudante acredita que o objetivo das práticas educomunicativas é o de unir os alunos, a escola e a comunidade, para que os jovens atuem como mediadores, apresentando muitas vezes soluções para problemas cotidianos da região, usando de habilidades críticas e criativas.

A convidada Beatriz falou sobre as atividades desenvolvidas na Fundação Casa Grande, como a manutenção da gibiteca; uma galeria de arte, com intuito de resgatar e preservar a história do homem Kariri; a biblioteca de pesquisa e de literatura infantojuvenil; uma DVDteca, com títulos de diversas nacionalidades; além de oficinas para produção de rádio, músicas e vídeos. A instituição ainda conta com o teatro Violeta Arraes, espaço de aprendizagem e apresentações de espetáculos. Todas as ações são realizadas por crianças e adolescentes e mediadas e orientadas por adultos.

Barbosa, diretora da Fundação Casa Grande, explicou como os jovens são acolhidos no espaço, por meio dos laboratórios e brincadeiras lúdicas, narrativas, músicas, imagens, pontos mitológicos e arqueológicos, que instigam os participantes à imaginação, ao senso crítico e à produção de conteúdo. Outro foco da instituição é a conservação, a manutenção e a divulgação do patrimônio do homem Kariri, por intermédio de seu acervo e pela criação de livros, gibis e vídeos produzidos pelos jovens.

Por fim, Pereira destacou a importância da criança como um sujeito ativo na sociedade, o histórico e a ligação do Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP) com a Secretaria Municipal de Educação do Estado de São Paulo (SME-SP), por meio do projeto Educom.Rádio, que inspiraria anos depois o Imprensa Jovem. Segundo ela, o principal intuito das práticas educomunicativas é o de ampliar e garantir uma comunicação horizontal, além de um diálogo transversal entre os jovens, as instituições e comunidade, garantindo que todos tenham voz e espaço de forma igual. A educomunicadora ainda apresentou o Imprensa Mirim, projeto realizado na rede da SME-SP com crianças da primeira infância, no qual investigam problemas de sua escola.

Essa transmissão especial integrou-se aos seminários online “Reflexão dos 30 anos do ECA: avanços, desafios e perspectivas”, do Condepe, e contou com a parceria da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, por meio da EDEPE (escola vinculada ao órgão) e dos Núcleos Especializados da Infância e Juventude e de Cidadania e Direitos Humanos, do Instituto Paulo Freire e da ECA/USP. O evento tem ainda o apoio do Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, do Conselho Regional de Serviço Social de São Paulo e da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.