A alfabetização midiática é uma prática essencial para a cidadania digital no século XXI. A juventude utiliza a tecnologia, a internet, consome todos os tipos de mídia, mas não estuda os formatos, não os conhece de fato. São exímios consumidores, mas apenas isso.

Isso prejudica na análise crítica, na implantação de melhores práticas e na verdade apenas contribui para que práticas perigosas, como distribuição de notícias falsas, cyberbullying ou exposição excessiva do usuário sejam cada vez mais comuns. E quando uma dessas práticas acontece, é porque não há conscientização e conhecimento sobre o que é de fato uma mídia, um meio de comunicação.

Para melhorar isso, e implementar esse senso crítico, um trabalho de alfabetização midiática deve ser feito com profundidade. Às vezes implantar uma rádio escolar pode criar um espaço para se entender o que algo simples como uma rádio pode fazer se a notícia falsa é espalhada por aquele meio de comunicação, como os meios de comunicação se relacionam e se expandem drasticamente quando determinada informação passa por eles.

Adriano Leonel, ex-estudante de comunicação e que hoje trabalha na escola Dante Alighieri, e Tatiana Luz, estudante de educomunicação e Assistente de Tecnologias Educacionais na Oswald de Souza, fizeram um trabalho de relatos do VII Encontro de Educomunicação, em uma mesa de debate que trabalhava justamente esse tema. Os projetos Rádio Cartola, Educom.EducaçãoCidadã, Idade Mídia, Renajoc, Viração, a Imprensa Jovem, Educom.Cine e estudantes da Licenciatura em Educomunicação estavam presentes e trouxeram reflexões muito importantes, principalmente por se tratar de uma mesa com pessoas que tiveram a experiência em projetos relevantes para esse tema.

Nesse evento, mostrou-se que essa prática de Alfabetização Midiática, dessa análise na mídia, trazem muitos temas, como o de representatividade, o da formação de profissionais, o da resistência das mídias alternativas como a Revista Viração, a importância das políticas públicas na educomunicação, mas tudo se resumiu a equidade do espaço de voz. Quando se usa a mídia de maneira crítica, deve-se dar uma voz igual a todos, de acordo com o quanto a pessoa precisa falar, e quanto ela já foi ouvida. Até a maneira como isso é representado no relato mostra essa importância: eles fizeram questão de falar o menos possível e sempre dar voz ao público e as pessoas que faziam os relatos.

O relato também mostra que todos puderam falar. Adultos e crianças estiveram com o mesmo espaço e todos foram ouvidos. Isso cria um relato muito mais completo e muito mais impactante, uma vez que desde os afetados quanto os que praticaram puderam dividir seus relatos, e conversar sobre como cada projeto afetou a vida deles. Esse relato mostra que um projeto de Alfabetização Midiática começa com a organização da comunicação verbal entre pessoas, ou seja, para ser possível usar a internet de maneira inteligente é necessário antes saber organizar sua fala e dar a voz para quem precisa.

Para quem quer conhecer os relatos e outros mais, veja o nosso livro Educomunicação e suas áreas de intervenção: novos paradigmas para o diálogo intercultural, organizado por Ismar de Oliveira Soares, Claudemir Edson Viana e Jurema Brasil Xavier: https://goo.gl/wHb63r ou https://goo.gl/gyCoV2 (Clique no link e “fazer download”)

 

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