Diante das transformações tecnológicas e o aumento substancial do consumo e produção de novas mídias e informações, a tese “Educomunicação e políticas públicas: estudo comparativo de educação midiática entre as redes municipais de ensino do Rio de Janeiro e de São Paulo”, da pesquisadora Elisangela Rodrigues da Costa, doutora pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) e conselheira da ABPEducom, analisa a emergência de movimentos institucionais no entorno das questões de ensino-aprendizagem neste novo contexto. O trabalho tem como objetivo comparar as estratégias das duas redes municipais e verificar como a Educação Midiática se consolida enquanto prática e política pedagógica para o ensino. 

A relevância e atualidade do tema são comprovadas pelo crescente aumento no número de visitas e downloads da pesquisa nos últimos meses, conforme as estatísticas disponíveis na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Desde a publicação na plataforma, o texto foi acessado em mais de 520 ocasiões e baixado cerca de 280 vezes.

Defendida em 2018, no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação, sob orientação do professor Ismar Soares, também presidente da ABPEducom, a tese investiga as políticas de educação midiática adotadas nas redes municipais de ensino das duas capitais, consideradas algumas das maiores do Brasil em termos quantitativos e também representativos, uma vez que servem de inspiração para outras cidades no entorno. Esses dois municípios são considerados exemplares justamente por conta dos processos históricos de discussão e do fortalecimento de personalidades intelectuais e linhas teóricas consistentes, o que contribuiu para a implementação e continuidade das políticas públicas voltadas à Educação Midiática na rede pública. “Ao final do estudo comparativo, confirmei a hipótese que a educação midiática, a educomunicação e a mídia-educação já estavam sendo desenvolvidas como política pública nos municípios do Rio de Janeiro e de São Paulo, ainda que de formas diferenciadas”, afirma a pesquisadora. 

Apesar das diferenças quanto à forma de aplicação e condução das estratégias e práticas pedagógicas, Costa verifica aproximações quanto à preocupação de institucionalizar projetos da área enquanto uma política própria das secretarias de Educação. Em São Paulo, a rede municipal de Educação Básica conta com o Núcleo de Educomunicação há mais de 18 anos, além do Núcleo de Comunicação e Educação (NCE/USP) e da Licenciatura em Educomunicação da ECA, que contribuem com o fortalecimento de políticas na cidade por meio da pesquisa e formação de profissionais na área. 

No Rio de Janeiro, a empresa pública MultiRio, fundada em 1993, é uma das instituições representativas desse processo. Ao congregar equipes multidisciplinares para o desenvolvimento de produtos educativos para serem distribuídos às escolas públicas da cidade, a companhia é uma das entidades que articula novas perspectivas para o ensino em sala de aula, desenvolvendo materiais de auxílio aos professores e estudantes a partir de novas linguagens, formatos e dinâmicas pedagógicas. 

Costa ainda enfatiza a importância da Educação Midiática no ambiente educativo desde os primeiros anos de formação, especialmente em momentos de grande desestabilizações sociais, econômicas e ambientais, como o caso da pandemia de coronavírus: “A vida mudou demais nesse período, enfrentamos uma pandemia gravíssima e uma onda sem fim de desinformação, [portanto], um sujeito que desde criança compreende a função da mídia e a responsabilidade ao tratarmos das informações à sociedade, certamente terá condições de enfrentamento e entendimento da importância de uma mundo mais humano e mais responsável, sustentável”.

Imagem: Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de São Paulo / Divulgação

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