A Global MIL Week, Semana Global da Alfabetização Midiática e Informacional (MIL, na sigla em inglês), uma iniciativa da coordenação da área de MIL da Unesco, foi reconhecida como atividade oficial da entidade por representantes de 193 países, em assembleia ocorrida em Paris.

A decisão veio logo após a Semana Global ocorrida em outubro de 2019, no campus da Universidade de Gotemburgo (Suécia), tendo contado com mais de 200 eventos comemorativos em mais de 100 países. Na ocasião, jovens artistas e defensores da MIL escreveram e tocaram uma música chamada This is the Day, enfatizando que agora é a hora de ser informado, envolvido e capacitado.

O Brasil foi sede da quinta edição do evento, em 2016. Na época, a iniciativa contou com o apoio da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo e o suporte da ABPEducom. A ocasião marcou uma aproximação entre a coordenação mundial da Semana Global e a prática educomunicativa no país. A edição ocorrida na Suécia contou igualmente com a participação de uma delegação brasileira, levando as experiências da Educomunicação como política pública na cidade de São Paulo e a relação entre a Educom e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.

Um sonho de 37 anos

Segundo o diretor geral assistente de Comunicação e Informação da Unesco, Moez Chakchouk, a aprovação da Global MIL Week como evento oficial acabará por permitir que a MIL se transforme na chave para capacitar todos os povos para uma adequada convivência com o sistema midiático.

A partir de 2010, a Unesco tomou a decisão de investir fortemente no tema da educação midiática, após haver constatado, em congresso realizado em Paris, naquele mesmo ano, que poucos progressos haviam sido obtidos, em termos de políticas públicas na área, desde 1982, momento em que o conceito da Media Education fora sistematizado durante a Declaração de Grünwald, em evento ocorrido na Alemanha.

A Unesco e a Educomunicação

Por outro lado, de acordo com Ismar Soares, presidente da ABPEducom, não cabe pessimismo em relação à contribuição da Unesco para o avanço da educação midiática no período entre 1982 e 2010. Prova disso foi o apoio indispensável dado pela organização mundial aos seminários latino-americanos sobre educação para a televisão, realizados sucessivamente em Santiago (Chile), Curitiba (Brasil), Buenos Aires (Argentina) e Las Vertientes (Chile), entre 1988 e 1991.

Nesse período, as trocas de informações entre as lideranças do continente, na prática da educação para a comunicação, permitiram as primeiras coletas de dados do que se converteria, no final dos anos de 1990, no substrato do pensamento educomunicativo, na América Latina.

Além disso, o professor aponta que a primeira prática reconhecidamente educomunicativa no continente – o Projeto Plan Deni, desenvolvido nas décadas de 1960 e 70 — contou com o apoio da Unesco na América Latina. Essas informações estão no artigo de sua autoria, “Educommunication Landmarks in Latin America: What should be considered in the last 50 years, publicado na coletânea “Media Education in Latin America“, coordenada por Julio-César Mateus e equipe (Londres: Routledge Handbooks, 2019).

Ainda segundo Soares, os educomunicadores da América Latina celebram com os mídia-educadores de todo o mundo o apoio dado pelos 193 países à política da Unesco, por considerar que esta entidade continua sendo a principal fonte inspiradora para as políticas públicas e de educação midiática em todo o mundo.

Serviço

Os interessados no tema podem entrar em contato com o coordenador do programa de MIL da Unesco, Alton Grizzle, pelo e-mail a.grizzle@unesco.org.

Com informações da Unesco

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