Legenda: Formado na Unilab, Ro Gilberto é radialista e atua com programas na Rádio Bombolom FM e na Rede de Crianças e Jovens Jornalistas (RCJJ); presença confirmada no II Congresso Internacional de Comunicação e Educação

Texto: Antonia Alves

“Educação Midiática: da formação cidadã à profissional” é o tema de duas mesas redondas na última manhã do Congresso Internacional de Comunicação e Educação, que acontece entre os dias 12 e 14 de novembro de 2018, em São Paulo. Nessas discussões, o olhar dos pesquisadores se volta para o reconhecimento da diversidade das experiências no âmbito da educação midiática, para o perfil de seus promotores e para a consolidação de propostas de formação de profissionais para atender as demandas que emergem da expansão do conceito e das práticas mídia-educativas no mundo.

As coordenadoras das mesas são pesquisadoras na interface Comunicação/Educação a partir de suas instituições e da Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom). Na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), Maria Cristina Palma Mungioli desenvolve pesquisa em sintonia com o Núcleo de Comunicação e Educação (NCE-USP), que organizou o I Congresso Internacional de Comunicação e Educação, em 1998. Ao passo que Rosane Rosa coordena convênios internacionais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com países do continente africano.

No primeiro diálogo, Rosane Rosa coordenará as discussões em torno de projetos educomunicativos brasileiro – Canal Futura com João Alegria; e internacionais – formação entre pares, jovens formando jovens, em Guiné Bissaú com Ró Gilberto Gomes Cá; e formação comunitária na Colômbia com Alma Montoya Chavarriaga.

No âmbito da academia, a segunda mesa, coordenada por Maria Cristina, discorrerá sobre a formação do profissional em Educomunicação para o campo educomunicativo na América Latina e no Brasil. A Licenciatura em Educomunicação e o Bacharelado em Comunicação Social com ênfase em Educomunicação serão discutidos pelas professoras Roseli Aparecida Fígaro Paulino (ECA-USP) e Raíja Maria Vanderlei de Almeida (UFCG), respectivamente. Enquanto que o professor Carlos Alberto Ferraro, da Argentina apresenta a experiência da SIGNIS-AL que faz parte da RedEducom, formada por três instituições religiosas das Américas.

Canal Futura, espaço educomunicativo

João Alves dos Reis Júnior, conhecido por João Alegria, é gerente geral do Canal Futura. Toda a sua trajetória profissional está ligada à Comunicação Social, atuando como autor-roteirista, diretor de televisão e escritor de livros. Atua como professor na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Em artigo publicado na rede social Linkedin, Alegria discute sobre experiências inovadoras que ocorrem no espaço da educação formal, principalmente na educação pública. “No Futura há muito espaço para produção e distribuição de conteúdo sobre educação e formação profissional, um dos arcos editoriais principais nesse sentido é o que se dedica à inovação escolar e inovação em educação,” enfatiza.

Em 2015, o Canal Futura promoveu debate sobre educomunicação com a participação de educomunicadores da ABPEducom, NCE-USP, da TV Online Pedal e do blog Porvir. Mas suas discussões com educomunicação vem de longa data, como demonstra o vídeo produzido durante o II Encontro Brasileiro de Educomunicação, em 2010, em que ele apesentou o caráter educomunicativo do Futura.

Proposta educomunicativa em Guiné Bissau

Formação entre pares: Rede de crianças e jovens jornalistas da guiné Bissau é o assunto que Ro Gilberto Gomes Ca irá discutir sobre educação midiatica a partir do questito formação cidadã.

Ro Gilberto é graduado em Ciências Humanas pela Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e cursando Pedagogia na mesma instituição. É radialista, atuando com programas na Rádio Bombolom FM e na Rede de Crianças e Jovens Jornalistas (RCJJ).

“Foi a rádio produzida por crianças que me fez querer ser membro da RCJJ, pois gostei muito de ouvir um amigo meu e muitas outras crianças falando sobre direitos da criança no rádio,” disse Rô Gilberto à Maria Célia Giudisse Redher, em 2013. As informações estão registradas no e-book Educomunicação e Direitos Humanos, publicação da ABPEducom, em 2015.

É possível encontrar mais informações sobre o trabalho educomunicativo da RCJJ no site da CCA-ECA e no blog do curso Mídias na Educação – Guiné Bissau. Em 2014, Ró Gilberto compartilhou sua experiência durante o curso de extensão em Educomunicação, ministrado pelo NCE-USP e relatou seu protagonismo educomunicativo em meios à forte instabilidade política do país.

Experiências educomunicativas na Colômbia

Alma Montoya Chavarriaga é diretora do Grupo Comunicarte em Bogotá. A comunicadora social tem mais de 35 anos em projetos comunicativos, acadêmicos e educomunicativos na América Latina. Ela acompanha projetos que favorecem grupos éticos e atua como assessora e capacitadors em emissoras e centros de formação para a comunicação. Como docente, atua em redes locais e regionais de emissoras comunitarias, étnicas, públicas, educativas e escolares em zonas de conflito na Colômbia.

Notícia no site do NCE-USP aponta que em 2005, a pesquisadora coordendou o Encontro Internacional de Ondas e Antenas Participativas sobre comunicação e educação, em Bogotá. Na ocasião, Alma era responsável de projetos “que desenvolvem programas de produção radiofônia a partir da metodologia da gestão participativa em escolas públicas”.

O grupo Comunicarte é formado por uma equipe de comunicadores, educadores e cientistas comprometidos com o desenvolvimento social, participativo, equitativo e democrático. Os membros acreditam na comunicação radial, na convergência de meios e novas tecnologias como cenário de construção do tecido social do seu país. São três as linhas de ação do grupo: o campo comunitário, o educomunicativo e acadêmico.

Licenciatura e bacharelado, formação educomunicativa

São do Brasil as experiências educomunicativas no ensino superior que culminaram com os cursos de licenciatura em Educomunicação, em São Paulo; e do Bacharelado em Comunicação Social – ênfase em Educomunicação, em Campina Grande-PB. Roseli Fígaro, da USP, e Raíja de Almeida, da UFCG apresentam os cursos que visam formar egressos para atuarem a partir das premissas educomunicativas.

Desde 2017, os cursos vêm realizando estreitando relações e desenvolvendo projetos em conjunto, sempre pautados nas premissas educomunicativas que estão fundamentadas em Paulo Freire. Pois, esse pesquisador compreende a relação social como “a base da democracia e do espírito de cidadania”, já que se decorre de um processo de interação que coloca os sujeitos em diálogo, argumenta Roseli Fígaro em artigo na Revista C & E.

Roseli Fígaro é coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM-USP). É diretora editorial da Revista Comunicação & Educação e coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Educomunicação (Labidecom). Suas pesquisas se voltam para a área da comunicação com ênfase na linguagem verbal, teorias da comunicação, mundo do trabalho, gestão da comunicação e comunicação/educação.

Para Raija, a proposta político pedagógica do Bacharelado é inovadora por voltar-se para atender “às demandas de uma área nova de atuação profissional voltada à formação de gestor de processos comunicacionais dentro da convergência dos campos educação/comunicação”. O curso se desenvolve por meio de uma abordagem interdisciplinar que amplia e agrega diferentes áreas de conhecimento, “aproximando a comunidade, lhe dando vez e voz dentro do processo de pesquisa”, contextualiza o curso em artigo na revista LASICS.

Raíja é professora do Bacharelado em Educomunicação da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Enquanto pesquisadora, coordena o grupo de pesquisa EducomGames e debruça-se sobre pesquisas voltadas para a relação entre mídia-infância-educação.

RedEducom e ações educomunicativas na América Latina

Carlos Alberto Ferraro é presidente SIGNIS-AL, da RedEducom, e professor da Universidad del Salvador, na Argentina. Para Ferraro, “a educomunicação propõe uma transformação da pessoa, do sujeito, para que seja protagonista, para transformar seu contexto social. Ou seja, o objetivo último da educomunicaçõa é a transformação social”, argumentou assembleia da SIGNIS.

Na década de 1980, criou o Instituto COEDUC (Comunicar Educando), orientado para a leitura dos meios e para a produção de rádio e de vídeos. Tem experiência em realizações cinematográficas, tendo sido produtor de vídeos educativos e publicações educomunicativas pelo Ministérios da Educação e Cultura de seu país.

A RedeEducom é um projeto em comum do CELAM (Conselho Episcopal Latinoamericano), SIGnis ALC (Associação Católica Latinoamericana e Carinbenha de Comunicação) e Salesianas/FMA (Instituto das Filhas de Maria Auxiliadora). Juntos, buscam articular processos, áreas de intervenção e eixos transversais da educomunicação no desenvolvimento integral e solidário de crianças e adolescentes na América Latina e Caribe. Sua ênfase de trabalho encontra-se no protagonismo da comunidade, aberta ao diálogo crítico e construtivo de novos cenários socioculturais a fim de criar ecossistemas comunicativos dinâmicos e democráticos a serviço do bem comum.

Serviço

No último dia de evento, dia 14 de novembro, duas mesas redondas discutem a “Educação Midiática: formação cidadão e profissional”. A primeira será das 08h30 às 10h30 e conta com a participação da Rosane Rosa (UFSM), João Alegria (Diretor do Canal Futura), Ró Gilberto Gomes Cá (Rede de Crianças e Jovens Jornalistas da Guiné Bissau) e Alma Montoya Chavarriaga (Grupo Comunicarte de Bogotá). Por sua vez, a segunda, das 10h30 às 12h30 conta com a participação de Maria Cristina Palma Mungioli (CCA-ECA-USP), Roseli Aparecida Fígaro Paulino (PPGCOM-USP), Carlos Alberto Ferraro (SIGNIS-AL, Argentina) e Raíja Maria Vanderlei de Almeida (UFCG).

As inscrições para o II Congresso Internacional de Comunicação e Educação e VIII Encontro Brasileiro de Educomunicação, que vai de 12 a 14 de novembro, podem ser feitas pelo site www.abpeducom.org.br/congresso. As vagas são limitadas e há desconto para inscrições antecipadas.

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