Recentemente, com a publicação do ebook “Educomunicação e suas áreas de intervenção: novos paradigmas para o diálogo intercultural” pela ABPEducom, tivemos oportunidade de entrevistar algumas pessoas que participaram disso. Uma delas foi a Doutora em Ciências da Comunicação pela USP, Elisangela Rodrigues da Costa. Em seu artigo, Elisângela descreve algumas experiência que ela teve em Educomunicação desde 2001, especialmente na área da Educação Midiática e Políticas Públicas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Fora isso, ela tem pelo menos 20 anos de experiência em educação formal, e por isso, tem um entendimento bastante amplo de educação mesmo antes do início das pesquisas em Educomunicação.


ABPEducom: Como o artigo de vocês contribui para pensar a comunicação nos espaços educativos?
Lisa: A proposta do artigo é justamente trazer à reflexão a urgência de propostas que trabalhem a educação midiática no ensino formal. Pensar a partir da comunicação é uma necessidade histórica, sobretudo em países da América Latina, como o Brasil, que lutaram pelo direito em tê-la. Neste sentido, projetos educativos que estimulem não apenas à comunicação, como o protagonismo infanto-juvenil, a autonomia de pensamento e ação, uma visão crítica das mídias e o exercício da autoria são essenciais no contexto social contemporâneo, pois contribuem para a prática da cidadania comunicativa.
Um breve resgate das gêneses da educação midiática na Europa e AL são pensadas por conta do tratamento das perspectivas da educomunicação e da mídia-educação nas redes municipais de ensino de São Paulo e Rio de Janeiro um estudo comparativo de minha pesquisa doutoral.

ABPEducom: Como a Educomunicação é percebida no artigo de vocês?
Lisa: Conforme relato a educomunicação é percebida no artigo, em consonância com o NCE/USP (Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo), como um paradigma na interface Comunicação e Educação capaz de proporcionar por meio da prática educomunicativa habilidades e competências às crianças e jovens co o objetivo de colaborar com o novo perfil de cidadão requisitado em nossa atual sociedade cujo papel da comunicação é central.

ABPEducom: O seu artigo se manteve na educação formal quando tratou da educomunicação, entretanto eu gostaria de saber sobre a sua opinião quanto a prática da educomunicação em ambientes não-formais, e em que situações você conseguiu identificar uma prática interessante neste aspecto.
Lisa: Por atuar há 20 anos da educação formal tenho muito cuidado ao opinar sobre a prática educomunicativa em ambientes não-formais. Entretanto, temos que considerar que a prática em si emergiu de ambientes não-formais que possuem grande participação na disseminação da educomunicação, cito por exemplo, a Revista Viração em São Paulo que é uma organização da sociedade civil que atua com comunicação, educação e mobilização social entre adolescentes, jovens e educadores. E no Rio de Janeiro cito a Planetapontocom uma ONCIP (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) que adota a perspectiva da mídia-educação em seus projetos.

ABPEducom: Você nos falou bastante sobre a história e o estabelecimento da educomunicação desde 2001, em diversos projetos. Você consegue projetar novas demandas e avanços para a área, agora que está mais estabelecido tanto no meio prático – de uma forma menos conceituada e percebida – quanto no acadêmico?
Lisa: Em minha opinião, há muito o que se pensar e elaborar em termos da prática da educomunicação no ensino formal. Neste aspecto, em minha visão, a tendência é se expandir, consideravelmente, em outros colégios e redes de ensino, inclusive privado. Como exemplo, o Dante Alighieri. Diante de minha pesquisa doutoral, a rede municipal de ensino de São Paulo, sem dúvidas, vem se destacando em termos de política pública que incentiva e dá sustentação ao desenvolvimento da prática da educomunicação. Creio que o grande desafio seja pensar um currículo que insira oficialmente a educomunicação na teoria e na prática com ofertas sistemáticas de formações continuadas docente e discente em parceria com a universidade.

ABPEducom: Em sua conclusão, você aponta que com aquele espaço, apenas conseguiu apontas 3 pontos de comparação entre os projetos. Quais outros pontos – entre outras coisas importantes – você gostaria de desenvolver um pouco mais neste assunto?
Lisa: Na época da elaboração do artigo publicado no e-book a pesquisa doutoral encontrava-se em seu início na ECA/USP, que tratou de um estudo comparativo entre as redes municipais de ensino de São Paulo e Rio de Janeiro em relação à adoção da educação midiática, nas perspectivas da educomunicação (SP) e da mídia-educação (RJ), sob a orientação do professor Ismar Soares. No início haviam três pontos que considerava relevantes e eles continuam sendo, acrescentaria ainda um conjunto de mais cinco categorias que contribuem para a efetiva implantação de uma política pública em educação midiática, seja na tradição latina da educomunicação ou seja na europeia com a Media Education. A pesquisa desenvolvida na ECA apontou cinco elementos fundamentais na composição e sustentação de uma política em educação midiática no ensino formal:
Agradecemos muito à professora doutora Elisângela Rodrigues da Costa por nos responder com tanta dedicação, e recomendamos muito a leitura de seu artigo no livro da ABPEducom. Para ler o artigo da Elisângela na íntegra, acesse nos links https://goo.gl/wHb63r ou https://goo.gl/gyCoV2 (abra o link e clique em download).
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