O Projeto Adeola (que significa “coroa de riqueza” em iorubá), criado pelas universitárias Denise de Oliveira (hoje aluna de Educomunicação na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) e Raísa Amaral  surgiu em 2015, no curso de Economia da UFSCar, durante as pesquisas sobre afrobetização. Através de performances teatrais, trazem para dentro das escolas histórias sobre mulheres importantes da cultura africana, como a Rainha Nzinga, a Rainha Lucy e a primeira mulher do mundo, um fóssil de 3,2 milhões de anos descoberto na Etiópia.  Trajes e acessórios que remetem à cultura africana ancestral são utilizados para dar vida às princesas Kambo e Funji, encenadas pelas próprias estudantes. Nas apresentações, ensinam para as crianças a arte da amarração de turbante, capoeira, além de explicar sobre a origem das roupas e adereços que usam.

“Com a inclusão de negras e negros na academia e na educação, poderemos ter representatividade, história contada desde a formação dos profissionais até a educação básica pela perspectiva dos protagonistas, que fará toda diferença. É necessário também que as leis que promovem a educação com essa perspectiva, a representatividade, sejam de fato cumpridas; que educadores, a sociedade civil e os municípios estejam engajados para a mudança social”, afirma Oliveira à revista Fórum. Ela e Amaral são co-fundadoras do Núcleo de Extensão em Gênero, Relações Raciais e Arte (NEGRRA). 

O ensino da história e cultura afro-brasileira é obrigatório no ensino fundamental e médio de escolas públicas e particulares desde 2003, em todo o Brasil, pela lei 10.639. Apesar de ser um avanço no debate e valorização da cultura afro, ela não é fiscalizada tampouco sua importância é reconhecida pela comunidade escolar: “gostaríamos muito que os municípios e educadores entendessem a necessidade e urgência do cumprimento da Lei 10.639″ – declara Oliveira – ” nossa maior motivação é poder suprir agora algo que nos faltou na infância”.

 

 

Fotos: Luane Chinaide e Jardelio Santos