Em entrevista para a IHU On-Line, Rodrigo Ratier, ex-aluno da Escola de Comunicação e Artes da USP, repórter da Revista Nova Escola e atual professor de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero, ao analisar o massacre de Suzano, na região metropolitana de São Paulo, adverte que o caso que o caso expõe ao menos dois problemas que merecem atenção e discussão: a facilidade do acesso à arma de fogo e a presença de possíveis fontes para a radicalização desses jovens, que os levam a transformar-se, até mesmo, em homicidas.

Entre tais fontes, aponta para o fácil acesso às armas de fogo e para o conjunto “não supervisionado” de mídias digitais que está à disposição de jovens e adolescentes. São mídias que levam ao isolamento, à desconexão com outros atores fora do grupo homogêneo, à radicalização do pensamento e à mobilização para a destruição do diferente. Segundo Ratier, “não podemos cair num alarmismo como se houvesse uma epidemia psicológica que está se alastrando de uma forma inexorável”.

Na entrevista à jornalista Patricia Facchin, o pesquisador reflete sobre os problemas gerados pelo “vício” de estar conectado em tempo integral: “O ambiente virtual tende a excluir uma coisa muito importante, que é fundamental para a formação de qualquer um: a frustração”. Para Ratier, “o modo como o ambiente virtual está organizado hoje em dia é uma forma para ignorar e diminuir um pouco a perspectiva de confronto, porque o algoritmo protege o contato com o diferente, o indesejável e o desafiante: ele vai te colocando em contato com pessoas que, em geral, estão de acordo com você”.

E explica: o usuário de redes sociais vai vendo pessoas que pensam como ele, levando-o a naturalizar esse tipo de opinião e, quando percebe, já está num momento de radicalização forte e de afastamento, no sentido de desconexão com outros atores.

Veja a entrevista na íntegra no site do IHU.

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