A educadora Emanuela Nardin, do Centro de Formação Irmã Rita Cavenaghi (Cenfirc) — ligado às Irmãs Missionárias da Imaculada –, coordena o projeto educomunicativo Olhar Jovem, oferecido pela instituição a jovens de 12 a 16 anos que moram no bairro Vila Missionária, localizado na periferia da Zona Sul da capital paulista (veja abaixo vídeo com resultados do projeto).

Nardin, que é associada da ABPEducom, explica que se trata de um curso baseado na estratégia do letramento digital por meio de práticas educomunicativas. O objetivo é “trabalhar a fotografia – no curso e na saída fotográfica – utilizando-a como um meio de comunicação favorável para a educação, a pesquisa, a crítica e a expressão artística, iniciando os adolescentes na área, incentivando o exercício de olhares críticos, a participação e a produção cultural coletiva de cunho documental”, explica.

A equipe da iniciativa é formada por profissionais das áreas de Psicologia, Psicopedagogia, Comunicação e Educomunicação. Além das ações realizadas com os jovens, o projeto busca envolver também as famílias no processo, organizando encontros de formação mensal para os responsáveis pelos alunos.

Até o momento, foram 20 adolescentes atendidos, número que deve dobrar conforme o planejamento da equipe para o segundo semestre. O curso é uma das atividades educativas e sociais promovidas pelo Cenfirc voltadas para o desenvolvimento do protagonismo e da cidadania responsável, especialmente das mulheres e dos jovens.

“Maravilha”, “desafio” e “aprendizado”

Emanuela Nardin relata que esta foi a primeira vez que desenvolve um projeto educomunicativo, “um sonho que queria muito realizar desde a conclusão do curso de graduação em Comunicação Social, realizado em Roma”. Ela destaca ainda o potencial da Educomunicação para a aprendizagem e o fato de que a área vai muito além de treinamento técnico-profissional: “Educa para a vida e faz com que interpretemos a realidade de forma mais crítica, protagonista e consciente”.

A educadora resume a experiência em três palavras: “Maravilha em ver quanto os adolescentes aprenderam além da fotografia que se tornou só um meio para que eles treinassem um olhar mais atento para com a realidade cotidiana em que vivem. Desafio, quando percebi que o que estava pensando realizar andava longe demais das nossas possibilidades e, assim, precisei mudar um pouco a meta. Aprendizado, porque eu também precisei aprender junto com os alunos e me colocar na função de mediadora e não de professora que já tem as respostas”.

Educom e Igreja

A Educomunicação tem uma vinculação histórica com os movimentos sociais relacionados à Igreja Católica. Na América Latina, as entidades católicas das áreas da imprensa, do cinema e do rádio e televisão deram origem a uma associação sediada no Equador — a Signis-ALC — que, nos anos 1990, liderou um debate continental sobre Informação e Comunicação e patrocinou uma pesquisa sobre o desenvolvimento de três décadas de ações de Educação Midiática

Já no Brasil, nas escolas da Rede Salesiana, a reflexão sobre a Educomunicação transformou-se numa prática corrente em nível institucional, conforme mostra a pesquisa de Antonia Alves Pereira, conselheira da ABPEducom. Por sua vez, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou em 2014 o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, primeiro documento oficial católico contendo o termo Educomunicação, conforme mostra a tese do pesquisador Maurício Cruz.

O presidente da ABPEducom e professor sênior da Universidade de São Paulo, Ismar Soares, presidiu a União Católica Internacional de Imprensa (UCIP), entre 2001 e 2009, e foi membro do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais no mesmo período, além de ter assessorado a CNBB na elaboração do Diretório de Comunicação.

Imagem em destaque: Hermínio Canalis. Imagem acima: Emanuela Nardin