A Revista Magistério, coordenada pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP), dedicou uma edição ao tema Educomunicação – Estudante tem Voz. Com diversos artigos e relatos de educadores e pesquisadores, incluindo sócios da ABPEducom, a publicação aborda a trajetória e os impactos das práticas educomunicativas em escolas da capital paulista, abordando a evolução dos projetos e a instituição de políticas públicas.
Como mostra a capa da revista – na qual alunos são retratados com equipamentos de produção midiática, como celular e microfone –, as vivências relatadas promovem o protagonismo e a participação cidadã de crianças e adolescentes. O editorial abre a publicação com as palavras “oportunizar e permitir”, reconhecendo a importância da Educomunicação em conquistas como a diminuição da violência nas escolas.
Essa história começou em 2001, com a implantação do Educom.rádio, sobre o qual o professor Ismar de Oliveira Soares, idealizador do projeto e presidente da ABPEducom, escreveu no artigo “Educom.rádio – Memórias da Educomunicação no Município de São Paulo”. Retomando os desafios enfrentados, Soares destaca que a sobrevivência do projeto ao risco de ser interrompido pelas mudanças de mandato mostra o reconhecimento de sua efetividade por parte do poder público, que em 2004 o transformou na Lei nº 13.941.
O professor enfatizou que o caso de sucesso de São Paulo com a Educomunicação deve abrir portas para que propostas pedagógicas abordando a Educação Midiática e Informacional sejam implementadas em nível nacional. O programa educomunicativo paulistano também vem ganhando repercussão internacional: a publicação desta edição da Revista Magistério foi divulgada no site da Alfamed (Rede Interuniversitária Euro-americana de Investigação em Competências Midiáticas para a Cidadania).
Imprensa Jovem
Um dos vencedores do prêmio da Aliança da Unesco para Alfabetização Midiática e Informacional, o projeto Imprensa Jovem – Agência de Notícias na Escola também foi tema de artigo publicado na revista. Intitulado “Educação cidadã a partir do jornalismo”, o texto foi escrito pelo idealizador do projeto, Carlos Lima, associado da ABPEducom e coordenador do Núcleo de Educomunicação da SME-SP.
Atualmente presente em 417 escolas de São Paulo, o Imprensa Jovem mostra que a produção jornalística multimídia tem potencial para promover habilidades como a criatividade, o pensamento crítico e a comunicação. Maria Rehder, vice-presidente da ABPEducom e consultora de Educação da Unesco no Brasil, também abordou os impactos do Imprensa Jovem em outro artigo da publicação, refletindo sobre o papel fundamental de iniciativas de alfabetização midiática no combate à desinformação.
Em um segundo texto, chamado “Sem deixar ninguém para trás! Vozes dos estudantes pelos ODS ecoam pelas escolas e impactam o mundo”, Rehder apontou o mérito de iniciativas educomunicativas de São Paulo que trabalham com questões relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU (ODS). Como exemplo, a especialista relembra que o próprio Imprensa Jovem já envolveu os alunos na produção de um telejornal sobre os ODS.
Educom em expansão
Michele Marques Pereira, diretora de Assuntos Profissionais e Formação Continuada da ABPEducom, e Marcelo Augusto Pereira dos Santos, associado, publicaram o artigo “Educomunicação na Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino de São Paulo”, trazendo reflexões sobre a implementação de projetos educomunicativos com crianças de séries iniciais. Os autores citaram iniciativas como a Rádio Jacaré, o primeiro projeto de rádio com alunos de quatro e cinco anos, e a Rádio Pingo de Gente, que trabalhou com bebês de zero a três anos.
Também sócia da ABPEducom, Claudia Almeida Mogadouro escreveu sobre as mudanças da relação entre a escola e a sétima arte no artigo “Cinema e Educação: Um namoro repleto de descompassos”. A historiadora relembrou que, inicialmente, educadores viam o cinema como um perigo à educação. Após anos de desentendimento entre as áreas, o cinema passou a ser reconhecido como um instrumento educativo, o que culminou na criação do Instituto Nacional de Cinema Educativo (Ince) em 1937.