Durante os governos de Fernando Haddad em São Paulo e Lula e Dilma no Governo Federal, tivemos alguns dos programas de Política Pública que fizeram parte da Educação Pública. Em seu texto, a Professora Doutora Sandra Zita Silva Tiné, no livro “Educomunicação e suas áreas de intervenção: novos paradigmas para o diálogo intercultural” discute um desses programas, o Mais Educação, que foi aprovado pela Portaria Interministerial n° 17/2007 e foi a fonte de muitos projetos de educação integral, de oficinas no contraturno e, em geral, muitos projetos que mantiveram as crianças dentro da sala de aula.

Sandra Zita fala que desde 2007 (quando o programa começou), muitos projetos educomunicativos começaram por conta do Mais Educação, já que logo no início foi uma ação que envolveu mais de 4 milhões de estudantes de educação básica em várias regiões. Isso aumentou o tempo em sala de aula para 7 horas, com os projetos de contraturno, e funcionavam com vários macrocampos. Estes macrocampos eram: Acompanhamento Pedagógico – obrigatório; Educação Ambiental; Esporte e Lazer; Direitos Humanos em Educação; Cultura e artes; Promoção da saúde; Comunicação e Uso de Mídias, Cultura Digital e Tecnológica.

Em suma, o Mais Educação trabalhava a formação do cidadão jovem, e complementava tudo aquilo que a escola não fazia dentro do turno regular, já que sempre estava carregada das disciplinas tradicionais. Nas palavras de Sandra:

A formação integral humana a ser fomentada na escola por meio do Programa Mais Educação, defendia uma perspectiva que ia além da ampliação do tempo escolar. A educação integral requer que os sujeitos sejam vistos de forma integral, ou seja, a escola deve concentrar esforços para que sejam trabalhados outros aspectos da formação, entre eles: social, psicológico, pedagógico e afetivo. Em outras palavras, visa trabalhar as relações humanas, indo muito além dos aspectos da racionalidade ou da cognição, visto que dá igual relevância às artes, ao desenvolvimento de dimensões afetivas, de valores em prol do bem-estar de todos a partir de situações do cotidiano da comunidade, permitindo que os estudantes reconheçam seu papel social. (Pg 76)

Sandra ainda fala que a Educomunicação parte da expansão dos meios de expressão, melhorando o coeficiente comunicativo. E como ela descreve o Programa, é possível ver que nos macrocampos, há bastante espaço para que isso seja exercitado e mostrado aos estudantes durante o contraturno. Dando essa liberdade para que esses projetos, dando esse espaço para que a escola ofereça mais do que somente as disciplinas tradicionais que sempre tiveram, mas também algo que crie a verdadeira Educação Integral, onde não só se fica mais tempo na escola, mas também se forma o cidadão e o estudante integralmente.

Com esses projetos, a escola se torna não só um centro educacional, mas também um centro cultural, ou seja cria envolvimento da comunidade. Sandra faz inclusive a citação da Declaração de Direitos Humanos que diz “[…] toda pessoa tem direito de participar livremente da vida cultural da comunidade”, mostrando como essas Políticas Públicas criam não só uma educação melhor, mas une a comunidade. Vimos em projetos como o da EMEF Amorim Lima e Campos Salles que uma escola com Educação Integral e projetos culturais melhora toda a vida da comunidade, cria uma consciência coletiva.

Para discutir as políticas da educação, Sandra determina quatro elementos de igual importância: Estudante -> Professor -> Conteúdos -> Tecnologias -> Estudante. Ela diz que os elementos são de igual importância e que essa relação deve estar sempre em pensamento quando criando essas políticas. O Estudante precisa ter acesso aos conteúdos e proximidade com os professores. A tecnologia deve estar sempre à serviço dos estudos, dos estudantes, e o professor é sempre o mediador dos conteúdos para os estudantes. Dessa forma, tudo precisa estar junto, relacionado e conectado.

As Políticas Públicas são uma maneira de criar espaço para a Educomunicação. Sandra deixa claro em seu texto que, pensando na estrutura política e educacional que temos hoje, tendo projetos onde podemos agir é um dos nossos caminhos. Com isso, é possível trazer uma educação integral, que faça sentido e forme estudantes que também são cidadãos por inteiro. Pessoas que sabem se comunicar, se relacionar e se responsabilizar pelos seus espaços.

Você pode ler o texto inteiro da Sandra em:

https://goo.gl/wHb63r ou
https://goo.gl/gyCoV2 (abra o link e clique em download)

 

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Um comentário em “Políticas Públicas, Educomunicação e o Programa Mais Educação.”

  • Muito boa a perspectiva de Sandra. Realizamos nosso programa de extensão educomunicativo vinculado ao Mais educação em 2017 e percebe-se justamente isso: as mudanças dos alunos quando trabalham as suas emoções, a cooperação e a sociabilidade intergeracional.
    Um espaço que fará falta e que algumas prefeituras estão tentando manter com recursos próprios, porque viram a eficiência desta ação, principalmente para a integração com a comunidade local.

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