Em reunião da secretaria executiva que coordena a fase preparatória do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação, ocorrida no dia 31 de julho, na ECA/USP, o Presidente da ABPEducom, Prof. Ismar Soares, apresentou o que considera como os grandes desafios dos programas voltados para a educação midiática.

A equipe de comunicação decidiu socializar o relatório do Prof, Ismar, entendendo ser oportuno divulgar os pontos relacionados, como forma de agregar elementos às reflexões que vem sendo implementadas pelos autores de propostas de papers a serem incluídas nos Eixos Temáticos do Congresso.

Segue o texto:

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Grandes desafios a serem levados ao II Congresso Internacional sobre Comunicação e Educação

Por Ismar de Oliveira Soares

  1. I) – Aprofundamento dos elementos constitutivos da Mídia-Educação e da Educomunicação, buscando um diálogo entre estas duas práticas.

Segundo o Banco de Teses da CAPES, multiplicam-se as pesquisas em andamento, sobre cada uma das duas áreas, em programas de Pós-graduação, Brasil a fora.

A difusão dessas pesquisas tem ocorrido através da publicação de coletâneas impressas e de livros digitais. Destacam-se a Revista Comunicação & Educação da ECA/USP, a Coleção de livros sobre Educomunicação, da Paulinas Editora, os E-books da ABPEducom, bem como as publicações dos trabalhos do GT Comunicação e Educação da INTERCOM e da AMPED.

Não se postula um confronto entre os dois conceitos, mas uma busca aprofundada sobre suas especificidades e sobre o diálogo possível sobre estes dois suportes teórico-metodológicos. É o que ocorre, no presente momento, com a finalização de um doutorado, em processo de defesa na ECA/USP, cujo objeto é a comparação entre a prática da Mídia-Educação, no município do Rio, com a política de Educomunicação, do município de São Paulo.

II – Articulação das práticas mídia-educativas e educomunicativas com os problemas que preocupam os organismos internacionais

O referencial da Mídia-educação e o paradigma educomunicativo existem intrinsecamente associados aos temas relevantes defendidos pelos organismos internacionais, como o direito da pessoa humana e dos grupos sociais a uma educação integral que leve em conta a presença dos sistemas de comunicação e prepare as crianças e jovens para o exercício do direito de expressão, em consonância com o que sugere a UNESCO, a partir do conceito de Media and Information Literacy. O desafio é identificar como cada um destes conceitos dialogam – na prática – com as demandas relacionadas aos direitos humanos.

III. Formulação de políticas abrangentes que deem suporte às iniciativas na área da educação midiática.

Diante da urgência em se avançar na promoção da educação midiática, integrando seus referenciais e metodologias aos currículos escolares, torna-se necessária a união dos esforços dos especialistas no sentido de serem definidas políticas públicas que facilitem o entendimento e a difusão de práticas coerentes com as demandas do presente momento histórico, especialmente diante do crescimento do acesso das crianças e jovens às mídias digitais. No caso, a opção por um dos paradigmas (Mídia-Educação ou Educomunicação) deve ser pautada pelo contexto vivenciado por seus promotores.

  1. Ampliação das ofertas de formação de profissionais/professores para o novo campo.

Existem demandas reprimidas na esfera da formação de especialistas e de docentes para atender as necessidades que emergem a partir das próprias propostas de reforma do ensino infantil, fundamental e médio, em decorrência, especialmente da Base Nacional Comum Curricular para o Ensino Fundamental. No caso, tanto a Mídia-Educação quanto a prática educomunicativa passam a representar opções já testadas (e com eficácia) em redes de ensino públicas e privadas. O desafio é como inserir o debate sobre este tópico na formulação das políticas públicas que facilitem a promoção dos objetivos das reformas, na linha das denominadas “competências gerais” e “competências da área de Linguagens”.

V – Garantia de visibilidade à participação das crianças e jovens nas práticas e nas articulações em torno à educação midiática e à educomunicação.

Cabe ampliar os espaços de participação integral das crianças no planejamento das ações no campo da educação midiática e em suas avaliações. É nesse sentido que os eventos que debatam a mídia-educação e a educomunicação em âmbito local, nacional e internacional, se enriquecem com a presença de crianças e jovens. É o que foi testado com êxito durante o VII Encontro Brasileiro de Educomunicação e o V Global MIL Week, da UNESCO, em São Paulo.

  1. Formação de redes de mobilização.

A opção pela formação de redes de pesquisa e mobilização tem demostrado que se trata de um caminho viável, reconhecido e eficaz. Tem, como grande virtude, seu potencial para colocar em circulação conhecimentos adquiridos a partir dos processes investigativos e, sobretudo, das trocas de experiências e de práticas, ocasião em que são socializados os modos de se fazer, para garantir o avanço dos processos e dos projetos.

A comissão organizadora do evento internacional concluiu sobre a oportunidade de que tais desafios sejam objeto de análise tanto nas Mesas Redondas quanto nos Painéis e Eixos Temáticos do evento.

 

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