Há vinte anos, em maio de 1998, reuniram-se em São Paulo (SP) 250 especialistas de 30 países para conversar com 1.500 pessoas — muitas delas professores da rede pública — do Brasil e de todo o mundo, interessadas no tema “Educação Midiática”. Estava acontecendo a primeira edição do Congresso Internacional de Comunicação e Educação, promovida pelo Núcleo de Comunicação e Educação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (NCE/ECA/USP).

Nos dois anos anteriores, a comissão organizadora convidou todos os especialistas que integravam o diretório do NCE para participar do evento, de modo a propiciar o confronto de ideias (dicotômicas ou não), o intercâmbio de pesquisas e a discussão sobre o estado da arte. O intuito era legitimar o campo emergente de estudos e de intervenções nas áreas da inter-relação comunicação/educação.

Segundo o fundador do NCE e presidente da ABPEducom, professor Ismar Soares, a ideia de se promover um evento mundial desse porte remete à sua eleição como vice-presidente do World Council for Media Education (WCME), em 1996, na cidade de La Coruña, Espanha. Ao tomar a iniciativa de promover a segunda reunião geral da entidade, no espaço do Instituto Cultural Itaú, Soares associou-se a outras organizações, como o SESC/SP, a Fundação dos Rotarianos de São Paulo (mantenedora das instituições de ensino Rio Branco) e a própria ECA, para concretizar a proposta do NCE de promover um encontro significativo na área.

O Congresso teve a sua relevância histórica reconhecida ao longo dos anos e passou a ser considerado por especialistas como Joseph Davadoss, da Índia, como um dos mais importantes encontros internacionais sobre o tema da Media Education na década de 1990.

Quatro grandes temáticas orientaram o Congresso: “Educação para a comunicação”, “O uso das tecnologias na educação”, “A comunicação educativa a serviço da cidadania”, “A inter-relação comunicação/educação e artes”. A sistematização dessas áreas estava sendo aprofundada numa pesquisa então em andamento, realizada pelo NCE. Os resultados foram publicados no ano seguinte, em um artigo no qual o Núcleo constata o surgimento de um novo campo de intervenção social, denominado “Educomunicação”.

Além de reunir pares, o evento conseguiu ainda criar vínculos de identidade entre os profissionais engajados com o compromisso social, o que levou à formação de novos projetos e grupos de pesquisa nacionais e internacionais, sediados em países tão diversos quanto Canadá, Suécia e Colômbia. O I Congresso também celebrou o cinquentenário da Declaração Universal dos Direitos Humanos e registrou a memória e o trabalho do pioneiro da área Mario Kaplún, falecido em novembro de 1998.

164 trabalhos acadêmicos compuseram os anais, disponibilizados em CD-Rom e na internet. Outros vários textos foram produzidos durante e após o Congresso, com base nas discussões das mesas. À época, o relato institucional do evento, publicado no site do NCE, encerrava-se com um chamado: “Pela divulgação e pelo incentivo que o Congresso conseguiu produzir, pois […] reuniu pessoas do mundo inteiro, criou novos laços profissionais e de amizade e principalmente criou espaços para a formação e discussão da inter-relação comunicação/educação, acreditamos que será propício e rico promover o II Congresso Internacional”.

Estamos orgulhosos de atender a este chamado hoje.

Acesse o site histórico do NCE, armazenado pelo Internet Archive, com informações sobre o I Congresso, e faça sua inscrição no II Congresso Internacional de Comunicação e Educação.