Legenda da foto: Alunos da disciplina educomunicação socioambiental recebem visita do Prof. Ismar

Entre os 30 alunos matriculados na Educomunicação Socioambiental, uma disciplina optativa do currículo da Licenciatura em Educomunicação, 27 estão vinculados a oito unidades diferentes da USP, a saber: 9 da EACH; 5 do Instituto de Biociências; 3 da FFLECH (Geografia); 3 da ECA (RP e Turismo); 2 da FEA; 2 da Psicologia; 1 da FE/USP e 1 da Poli. A própria Licenciatura completa o quadro com 3 alunos.


Os dados revelam o perfil de público da disciplina, apontando para o fato de que os alunos da própria Licenciatura em Educomunicação desconhecem ou desconsideram a importância do tema para sua formação como educomunicadores.

Por outro lado, estes mesmos dados traduzem a importância da temática na formação das mais diferentes áreas do conhecimento, na Universidade de São Paulo, das exatas às biológicas e humanas.

[Foto anexa, com a legenda: Alunos da disciplina educomunicação socioambiental recebem visita do Prof. Ismar]

A relação entre a Educomunicação e o tema do Meio Ambiente  

A prática da educomunicação emergiu, na América Latina, muito proximamente às lutas da sociedade civil em torno da proteção dos ecossistemas ambientais. Foi o que declarou o Prof. Ismar de Oliveira Soares aos alunos matriculados na disciplina Educomunicação Socioambiental, na noite de 18 de abril, reunidos na sala 202 do prédio central da ECA/USP.

Revelou o docente, um dos professores do CCA mais envolvidos com a criação do novo curso, que foi graças à mobilização da sociedade civil, nos meados do século XX – e não, exatamente, à academia e à mídia – que o tema da educação ambiental converteu-se em pauta pública, em busca da construção de uma consciência aberta e atenta às exigências de se trabalhar coletivamente para frear o processo de degradação da natureza, em curso em todo o mundo. Fruto de tal mobilização, grandes momentos de reflexão coletiva passaram a ocorrer, em todo o mundo, como o sempre celebrado encontro, conhecido como “Rio 92”, que trouxe ao Brasil representantes de mais de cem países.

Na ocasião, o que mais chamou a atenção da própria mídia não foram os chefes de estados, mas as representações da sociedade civil e suas mobilizações em favor de um mundo ecologicamente sustentável.

 

Parte destas mobilizações se davam pela articulação de práticas comunicativas com intencionalidade educativas, na raiz do que hoje denomina-se como “Educomunicação”. Esta a razão pela qual o novo curso incluiu uma disciplina, em seu currículo, para dar continuidade à reflexão sobre as relações entre Meio Ambiente, Educação e Comunicação.  

No caso, assim que o curso foi aprovado pelo Conselho Universitário, em novembro de 2009, o conteúdo ambiental foi imediatamente introduzido no novo currículo, como disciplina optativa. Para sua implantação, o Departamento de Comunicações e Artes passou a contar com a colaboração da Profa. Sueli Furlan, do Curso de Geografia e especialista na área, assim como da Profa. Carmen Gattás, do NCE/USP e que, no decorrer dos últimos anos, veio a defender tese de doutorado na área, sob a orientação da Profa. Lucilene Cury

O Ministério do Meio Ambiente e a Educomunicação

Em sua conversa com os alunos, o Prof. Ismar lembrou o diálogo entre o Ministério do Meio Ambiente e as pesquisas do NCE/USP, nos meados da primeira década do presente século, do que resultou a consolidação do conceito de Educomunicação Socioambiental, convertido em referência para programas de educação ambiental em todo o país.

Alertou o mestre que o site do Departamento de Comunicações e Artes reúne a documentação que explicita a presença da Educomunicação na política de educação do MMA e do MEC, convertendo-se num espaço para consulta dos alunos (ver http://www.cca.eca.usp.br/politicas_publicas/ministerio_meio_ambiente.

V Conferência: Inscrições continuam abertas

O Professor recordou, igualmente, que no presente semestre está ocorrendo a V Conferência Infanto-Juvenil pelo Meio Ambiente – CNIJMA. (<http://conferenciainfanto.mec.gov.br/>), envolvendo milhares de crianças e jovens de todo o pais, numa iniciativa que tem a Educomunicação como sustentação teórica e metodológica.

O tema do processo em curso é: “Vamos Cuidar do Brasil Cuidando das Águas”. O objetivo é o de mobilizar a comunidade escolar para realizar processos educativos, por meio da participação social, sobre a dimensão socioambiental da água.

Como as anteriores, a V Conferência Nacional acontece em quatro etapas: uma primeira, de âmbito escolar, passando, em seguida, às fases municipal e estadual, até chegar à nacional, mediante o processo de escolha de delegados pela avaliação de seus trabalhos apresentados na fase anterior. Para a realização das intervenções, os processos educomunicativos são recomendados expressamente pelos manuais do MEC e do MMA.

No caso, as escolas de todo o Brasil, do sexto ao nono ano do ensino fundamental, que já fizeram conferência escolar, tem até dia 20 de abril  para fazer o registo do processo no site : http://conferenciainfanto.mec.gov.br/registre-sua-conferencia  Por sua vez, as escolas de educação infantil, dos anos iniciais do ensino fundamental, e, de ensino médio também podem fazer o registro do processo em formulário próprio até o dia 30 de abril no site: http://conferenciainfanto.mec.gov.br/registre-sua-conferência

A etapa nacional ocorrerá em Brasília, entre os dais 15 A 19 de junho do corrente ano.

 

 

 

Conheça a legislação do Estado de São Paulo

O Professor Ismar, em sua fala aos alunos, lembrou que conceito está agregado às políticas públicas estaduais, em unidades da federação como os Estados da Bahia e de São Paulo, repercutindo, em suas próprias legislações, as propostas articuladas, em Brasília, pelo MMA e o MEC, trazendo a Educomunicação a para dentro das normas estabelecidas para a área da educação ambiental. A legislação paulista é de 2007.

No caso de São Paulo, a  Política Estadual de Educação Ambiental foi estabelecida pela Lei Nº 12.780, DE 30 de novembro de 2007), acessível no site < http://www.ambiente.sp.gov.br/legislacao/leis/lei-n-12-780/>

No texto, a Educomunicação aparece no artigo 22 e seguintes, como transcrito:

Artigo 22 – O Poder Público em nível estadual e municipal incentivará e criará instrumentos que viabilizem:

I – a difusão, nos meios de comunicação de massa, em programas e campanhas educativas relacionadas ao meio ambiente e tecnologias sustentáveis;

II – a educomunicação e o desenvolvimento de redes, coletivos e núcleos de Educação Ambiental;

III – a promoção de ações educativas, por meio da comunicação, utilizando recursos midiáticos e tecnológicos em produções dos próprios educandos para informar, mobilizar e difundir a Educação Ambiental.

Os itens de VI a XI voltam-se para uma perspectiva comunitária e colaborativa de educação ambiental, confirmando o ideário educomunicativo do projeto:

VI – a sensibilização da sociedade para a importância da participação e acompanhamento da gestão ambiental nas Bacias Hidrográficas, Biomas, Unidades de Conservação, Territórios e Municípios;

VII – a valorização e incorporação da cultura e dos saberes das populações tradicionais, indígenas, quilombolas, ribeirinhas, agricultores familiares nas práticas de Educação Ambiental;

VIII – a contribuição na mobilização, sensibilização, e na formação ambiental de agricultores, populações tradicionais, pescadores, artesãos, extrativistas, mineradores, produtores primários, industriais e demais setores, movimentos sociais pela terra e pela moradia; IX – o desenvolvimento do turismo sustentável;

XI – o desenvolvimento de projetos ambientais sustentáveis, elaborados pelos grupos e comunidades.

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