O professor Vahan Agopyan, reitor da Universidade de São Paulo (USP), recebeu para um almoço, no dia 17 de abril, um grupo de pesquisadores da USP, entre os quais estava Ismar de Oliveira Soares, docente sênior da Escola de Comunicações e Artes (ECA/USP) e presidente da ABPEducom. Foi o segundo encontro do tipo promovido pelo Gabinete do Reitor, com a participação de lideranças da área científica em diferentes campos do conhecimento. O objetivo foi o de estreitar o relacionamento com a comunidade acadêmica, dialogando sobre projetos com significativa relevância científica e social, relatados por seus próprios empreenderes ou coordenadores.
Soares explanou o trabalho da ECA no campo da interface Comunicação/Educação, nas últimas duas décadas, a partir tanto das pesquisas quanto das intervenções junto a diferentes setores da sociedade, fato que permitiu que o conceito da Educomunicação acabasse sendo assumido por políticas públicas, em nível municipal, estadual e federal, em campos de ação voltados à defesa dos direitos humanos, à educação ambiental, à mobilização pela saúde, sustentabilidade e bem-estar, chegando aos processos de aprendizagem na educação formal.
O professor lembrou ainda que, nos últimos 20 anos, foram produzidas 350 pesquisas em nível de mestrado e de doutorado, em mais de 100 programas de pós-graduação do país, identificando e analisando projetos educomunicativos nascidos a partir dos referenciais do Núcelo de Comunicação e Educação (NCE/USP), alguns voltados à educação midiática e outros, à gestão da comunicação em projetos de mobilização.
Soares finalizou lembrando que a última iniciativa na qual o NCE se envolveu intitula-se Educom.Saúde. Trata-se de um projeto destinado a formar 300 agentes da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo para adoção de uma metodologia de trabalho capaz de mobilizar a população, desde o segmento infanto-juvenil até as coordenações das organizações sociais complexas, em torno do combate às doenças disseminadas através do Aedes aegypti, nos municípios com mais de 100 mil habitantes.
O Reitor da USP interessou-se em saber se havia articulação entre o projeto educomunicativo da ECA e a Faculdade de Educação (FEUSP). Em resposta, Soares ressaltou a importância de professores da FEUSP na fundação do próprio NCE/USP, recordando a colaboração da professora Mariazinha Fuzzari. Assinalou, finalmente, que a FEUSP mantém um de seus docentes como membro da Comissão de Coordenação da Licenciatura em Educomunicação, curso mantido pela ECA/USP desde 2011.
Outras discussões
Além de Ismar Soares, também estiveram presentes ao encontro os professores Paulo Artaxo Netto (Instituto de Física — IF), Beatriz Barbuy (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas — IAG), Elias Ayres Guidetti Zagatto (Centro de Energia Nuclear na Agricultura — Cena), Koiti Araki (Instituto de Química — IQ) e Paulo Lotufo (Faculdade de Medicina — FM), além dos pró-reitores de Pesquisa, Sylvio Roberto Accioly Canuto, e de Pós-Graduação, Carlos Gilberto Carlotti Júnior, e do chefe de Gabinete, Gerson Yukio Tomanari, professor titular do Instituto de Psicologia (IP).
Entremeando a apresentação dos relatos sobre pesquisas de ponta em cada unidade representada, temas de interesse coletivo para a USP foram abordados, entre os quais a autonomia universitária. Segundo o reitor Vahan Agopyan, a autonomia é uma conquista valiosa que deve ser preservada. Lembrou que, no presente momento, o Conselho de Reitores das Universidades Estaduais de São Paulo (Cruesp) prepara um estudo amplo que aponta para o aperfeiçoamento alcançado pelas universidades públicas do estado, tanto no âmbito da previsibilidade de gastos quanto no da gestão dos recursos.
Outro tema que ganhou destaque foi o papel do professor sênior. Para Agopyan, a contribuição dos seniores tem garantido a continuidade de importantes áreas de pesquisas, facilitando a transferência de conhecimentos entre as gerações de pesquisadores. Para tanto, segundo o Reitor, deve-se garantir as escolhas e as preferências por atividades por parte destes docentes, na assinatura dos contratos com os respectivos departamentos.
Os pesquisadores advogaram a necessidade de abrir os espaços laboratoriais, integrando os especialistas numa perspectiva transdisciplinar. Apontaram, finalmente, para a melhoria do relacionamento da Universidade com a sociedade, ocorrida em decorrência do trabalho desenvolvido pelo setor de comunicação social, permitindo que o trabalho da USP seja melhor divulgado junto ao público externo.