O Brasil é um país predominantemente negro e feminino, onde as desigualdades são latentes. Ao garantir que múltiplas vozes sejam legitimadas, será possível permitir um avanço na consolidação da cidadania. Este foi um dos assuntos abordados na sexta transmissão do ciclo de lives da ABPEducom, em 21 de julho, sobre “Mulheres negras na Educomunicação”, com Vânia Beatriz, pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Rondônia, e Isabel Pereira dos Santos, formadora da rede municipal de São Paulo e sócia-fundadora da ABPEducom. Elas também integram o Conselho Consultivo Deliberativo da Associação. A mediação foi dos pesquisadores Paola Prandini (diretora cultural) e Mauricio Virgulino (associado). Assista à gravação completa no vídeo abaixo.

 

Beatriz contou sua trajetória desde a infância, passando pelo seu primeiro contato com a Educomunicação, até os projetos que desenvolve junto à Embrapa. Ela falou sobre a forma dolorida de se reconhecer como negra, um processo que dura até hoje. O negro sempre é visto com demérito pela sociedade, afirma a educomunicadora, que lidou com o preconceito desde nova. Aos 18 anos, começou a estudar Jornalismo e, durante esse período, foi militante do centro acadêmico, no qual começou a despertar para a importância dos movimentos sociais. 

Ao longo da live, Beatriz relembrou seu primeiro desafio profissional, em que elaborou um plano de aprendizagem por meio da música, projeto que a aproximou da prática educomunicativa. Ela reforçou que a Educomunicação abrange as questões da cidadania, dos direitos humanos e do acesso à informação. Dessa forma, a pesquisadora tenta englobar todas essas temáticas nos seus projetos, trabalhando em especial a vertente da Educomunicação Socioambiental.

Santos, por sua vez, externou seu respeito às ações do Dia Internacional da Mulher Afro-Latina, Americana e Caribenha e do Dia Nacional de Tereza de Benguela, um ícone da resistência negra no Brasil Colonial, comemorados no dia 25 de julho. Segundo ela, essa luta se disseminou e já dá frutos em prol dos direitos das mulheres negras. Diariamente, elas precisam mostrar persistência e resiliência contra a violência do machismo e do racismo, relata a pesquisadora. Atualmente, ela participa dos projetos Educom.Saúde-SP (da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo) e Imprensa Jovem (da rede municipal paulistana).

Em resposta a um espectador, Santos destacou que a Educomunicação propõe uma transformação individual e social. Nos projetos educomunicativos, sempre se privilegia a liberdade de expressão, a alteridade, a consciência crítica e o olhar mais amplo sobre o entorno – todos são importantes e têm o seu valor. Beatriz complementou apontando a importância da comunicação dialógica e do empoderamento de quem fala.