Painéis, workshops e oficinas também discutiram questões ligadas à arte e à universidade
Por Felipe Saldanha
Dentre várias temáticas abordadas, a principal dos painéis da tarde de terça-feira (13/11) – segundo dia do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação – foi a presença da Educação Midiática em diferentes projetos educativos, especialmente aqueles que envolvem crianças e jovens. No mesmo período, workshops e oficinas reuniram o público interessado em relatos de experiência e aspectos mais práticos.
O painel “Vozes das crianças, adolescentes e jovens: experiências em educomunicação e mídia-educação” (foto abaixo) diferenciou-se de todos os demais do evento por dar espaço aos alunos participantes de projetos mantidos por organizações sociais e escolas públicas, para que eles próprios pudessem relatar as suas vivências nessas iniciativas. Afinal, educomunicação é para todas as idades: até os integrantes da Imprensa Jovenzinha (foto em destaque), na faixa etária de apenas 4 a 5 anos, não só conversaram com a plateia como tiraram fotos de toda a atividade. O projeto é uma adaptação do programa já existente na rede pública paulistana voltado para estudantes mais velhos, o Imprensa Jovem.
Segundo a criadora do Imprensa Jovenzinha, Cláudia Regina dos Santos, professora do Centro de Educação Infantil Jardim Reimberg, escola municipal de São Paulo (SP), a preparação das crianças começa com o manuseio dos aparelhos, para que aprendam a operá-los, e rodas de conversa na forma de “assembleia infantil”, espaço em que podem expor suas opiniões. Só depois é que passam a cobrir os eventos que acontecem na escola e no seu entorno. Apesar dos desafios, a docente comemora o resultado: “O retorno dos pais é maravilhoso. Eles adoram, porque as crianças chegam em casa contando as novidades, o que fizeram, para onde foram”.
O trabalho das organizações sociais na promoção do protagonismo infanto-juvenil em práticas de Educomunicação e Mídia-Educação, bem como na legitimação desses campos, também foi o assunto dos painéis “Ativismo social juvenil” e “Organizações da sociedade civil que atuam com educação midiática”, com a presença de representantes de projetos de todo o país. Outros painéis debateram a presença da arte e a contribuição dos programas de pós-graduação para a Educação Midiática.
Já os workshops possibilitaram a troca de experiências e reflexões sobre como tais práticas estão acontecendo no Brasil e na América Latina. A equipe do Serviço Pastoral da Comunicação (SEPAC), da capital paulista, ministrou a atividade “O planejamento da prática educomunicativa em âmbito comunitário”. Por sua vez, a professora da Universidade de Lima (Peru), Teresa Quiroz, especialista em temas como liberdade de expressão e a relação entre jovens e jornalismo, falou no workshop “Diálogo Latino-americano” (foto acima) sobre as etapas pelas quais vem passando a Educação Midiática no seu país. Também participou da atividade o pesquisador Diego Leandro Marín Ossa, da Universidad Tecnológica de Pereira (Colômbia).
Segundo Quiroz, os educadores têm se interessado pela área, mas o governo peruano é ausente e não promove políticas públicas. “Com a debilidade da educação pública, é fundamental fortalecer o professor da escola, dar-lhe as ferramentas – não tecnológicas, mas de pensamento e compreensão sobre como a educação vem mudando e o modelo antigo já não funciona. É necessário que o professor se abra a entender o mundo das crianças para poder integrá-lo à educação”. Ainda de acordo com a docente, para isso ser concretizado, o apoio da academia é essencial: “Creio que a universidade deve prestar um apoio importante nas escolas, através dos próprios estudantes de comunicação”.
Completando a programação da tarde, as oficinas possibilitaram aos congressistas experimentar e praticar técnicas que podem ser levadas para diferentes espaços educativos. A professora e artista Ana Luísa Anker, da ABPEducom, explicou como é possível fazer animação e edição de vídeo utilizando o celular. Já a produtora editorial e mestranda da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Raquel Scremin, abordou a produção colaborativa de um Recurso Educacional Aberto (REA) por meio de ferramentas do Google (foto acima), que permitem a produção colaborativa em tempo real, propiciando maior interação entre professor e aluno e até a edição offline.
Scremin faz parte do programa Educom.UFSM, que abriga uma editora destinada à produção de REAs. Ela explica que essa sigla caracteriza qualquer recurso – mídias, softwares, cursos – “que você pode disponibilizar por licença aberta ou domínio público”. A oficineira aponta que o termo ganha especial importância com um marco legal recente: “O MEC publicou uma portaria esse ano que diz que todo recurso produzido com financiamento público tem que estar disponível com licença aberta”.
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