Thaisa Santana com o professor Ismar
no Campus da Unemat em Alto Araguaia-MT

O último exame do ENEM, realizado em todo o Brasil, nos dias 8 e 9 de novembro, trouxe para a prova de redação “a publicidade infantil como uma questão, no Brasil”.

Os estudantes reagiram com surpresa, considerando que o assunto não havia sido considerado nos conteúdos curriculares das escolas brasileiras, nem mesmo aparecido nas pautas dos jornais e demais meios de informação. A mídia, por sua vez, repercutiu a sensação de estranheza dos candidatos a ingressar no ensino superior.

Uma estudante da cidade de Alto Araguaia, no sudeste do estado do Mato Grosso, foi igualmente pega de surpresa, não exatamente pelo tema, mas pelo fato de que a leitura de um livro sobre educomunicação a habilitou a responder a questão com tranquilidade e lucidez, permitindo sucesso no exame.

É o que se pode ser conferido, lendo o texto escrito por Thaísa Santana de Sousa, sobre sua reação à prova do ENEM. Leia o texto:

A publicidade infantil em questão no Brasil

Thaísa Santana de Sousa[1]
Muitos de nós tentamos acertar o tema de redação da prova do Enem todos os anos, mas como sempre, somos surpreendidos. Este ano, não foi diferente. O tema “publicidade infantil em questão no Brasil”, apesar de não ser difícil, não foi muito comentado nos últimos tempos na grande mídia.
A dificuldade inicial dos participantes foi entender o que exatamente se pedia, pois é um tema abrangente, e se não prestassem a devida atenção nos dois primeiros textos da coletânea, não conseguiriam desenvolver uma boa redação. Na primeira leitura da proposta, pudemos pensar em diversos temas como: protagonismo juvenil, exposição e consumismo. Acredito que a maioria dos participantes tenha abordado algum desses.
Conversei com alguns amigos que fizeram a prova, comentamos sobre a proposta de redação, as opiniões foram bem divididas: alguns diziam que o tema era fácil e amplo, já outros que era um tema “nada a ver”, fechado, que se conhece, mas sabe-se pouco para argumentar. Outra dificuldade de todos foi em como dar início ao texto, mas, depois de começar, conseguiram desenvolver. Todos defenderam um lado: as crianças devem sim participar de propagandas, entre outros, pois acreditam que o fato de elas serem “protagonistas”, faz com que elas sejam mais confiantes, tenham menos chances de ser pessoas retraídas e que falem bem em público.
Quanto a mim, em primeiro momento fiquei confusa, não sabia nem por onde começar, que dirá como iria desenvolver tal tema. Resolvi começar pelas questões objetivas. Enquanto eu as fazia, me recordava de assuntos vistos no decorrer de meus estudos em minha bolsa de iniciação científica, os estudos da Gestão da Comunicação, da Educomunicação. Após terminar, comecei a produzir a redação, colocando em foco a vontade da criança… será que ela quer aparecer ou não? Sempre pondo a questão também, o limite dos responsáveis.
Lembrei-me do Projeto: “Cala a boca já morreu porque nós temos o que falar”, resgatado por uma estudante de jornalismo, onde as crianças fazem seu jornal a partir de seus assuntos, da Revista Se Liga, projeto da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), em que estudantes de escolas públicas pautam temas e fazem reportagens, entrevistas, matérias, entre outros para a Revista. Enfim, projetos que priorizam o protagonismo juvenil. Crianças e jovens mostram sua opinião e podem ser “os donos da verdade”. 
Além do mais, como dito no livro do professor Ismar de Oliveira Soares, “Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação”, não dá pra entender o jovem, sem ouvi-lo, portanto, se ele não nos disser suas vontades, nunca saberemos. Também incluí em meu texto, limites que deveriam ter em propagandas, entre outros, para que em momento algum haja desrespeito com a criança.
Graças aos muitos seminários aplicados por meus professores durante a minha formação acadêmica, sou uma pessoa menos retraída, acredito que toda a escola que deixa o ensino mais dinamizado, forma alunos extrovertidos e, consequentemente, dinâmicos. A Educação precisa caminhar junto da Comunicação, uma complementa a outra. Talvez nem todas as escolas sejam como as que eu estudei durante o ensino fundamental e médio, não priorizam o protagonismo de seus alunos, em minha opinião, isso deveria ser básico em todas as escolas, pois, principalmente para o mercado de trabalho, é indispensável.
Agradeço ao Professor Ismar de Oliveira Soares por dividir seus estudos com o mundo. A leitura de seu livro juntamente com a dissertação de mestrado da Professora Antonia Alves Pereira, a quem também agradeço, me ajudou muito em várias áreas, em especial, nessa não esperada: a redação do Enem.

[1] Acadêmica do curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT). E-mail: thaysa_santana@hotmail.com.