No ritmo das águas desse imenso Brasil, o curso de formação Caminhos das águas – fortalecendo fazeres e saberes artísticos e culturais chega à Aldeia Jenipapo- Kanindé, em Aquiraz (CE). Ao todo, representantes de 16 povos indígenas participam da atividade proposta pelo Ministério da Cultura (MinC), por meio da Secretaria de Formação, Livro e Leitura (SEFLI), e pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com apoio da ABPEducom.

Com parceria local da Secretaria dos Povos Indígenas do Ceará (SEPINCE) e da Universidade Federal do Ceará (UFC), as aulas e diálogos presenciais aconteceram na segunda-feira, entre 13h e 18h, e na terça a sexta-feira, entre 08h e 17h.  

O curso tem o total de 40h e já capacitou pessoas ribeirinhas, quilombolas, artistas, arte-educadores, e outras comunidades do Pará, Amazonas, Tocantins, Mato Grosso do Sul e Paraíba. Para o secretário de Formação Cultural, Livro e Leitura (SEFLI), Fabiano Piúba, o projeto Caminhos das Águas, que ainda realizará ações em Maragogipinho (BA), São Miguel do Iguaçu-PR, Janaúba (MG) e Barra do Garças-MT,  compõe a política de formação artística e cultural do MinC no âmbito do programa Olhos d’Água.

“No Ceará temos essa parceria com a SEPINCE, e teremos a participação de representantes dos 16 povos indígenas do Ceará.  Esse será um ambiente importante, pois é uma proposta que passa pela formação em dois componentes: a educação para os sentidos, que diz respeito aos repertórios, e a elaboração de gestão de projetos culturais, que é algo mais técnico”, destacou. O secretário ressaltou ainda a qualificação daqueles que estão participando desses processos e dos projetos culturais, indicando  que os resultados refletem no desenvolvimento de seus próprios territórios.

 

Pelos rios: cultura, diálogos e juventude 

Entre os tópicos abordados, o curso aborda  como a arte pode auxiliar na percepção do mundo, tratando da relação entre Arte, Educação e Educomunicação. Temas como a Cultura Maker e a Cultura Digital e a intervenção a partir das artes também podem colaborar para o fortalecimento das culturas. Para a diretora de Educação e Formação Artística do MinC, Mariangela Andrade, o projeto foi concebido pensando em soluções para a violência nas escolas. 

“Entendemos que, por meio da arte, da educação dos sentidos, podemos contribuir para a promoção de uma cultura de paz. Com o Caminho das águas, estamos propondo que os sujeitos possam se capacitar e desenvolver ações em seus territórios que reverberem a potência das artes e da cultura na formação de sujeitos críticos e ativamente engajados em seus territórios, especialmente na relação indissociável entre cultura e natureza”, ressaltou a diretora.

Como um dos articuladores nessa fluida missão pelos rios Tapajós, Amazonas, Solimões, Tocantins, São Francisco, Araguaia, entre outros, Maurício Virgulino, coordenador educativo do projeto, frisa a relevância de outros parceiros locais, como UFC e SEPINCE. Tais parcerias permitem que essas ações sejam efetivadas e ocorram as trocas formativas, para fortalecer comunidades educativas regionais, um dos objetivos do projeto, que busca atender em especial populações indígenas, quilombolas e ribeirinhas. “Realizar o Caminhos das Águas com representantes dos povos indígenas certamente fortalecerá os projetos culturais locais e reverberará as experiências vivenciadas pelos participantes por todo o estado do Ceará”, destaca Virgulino.

“O Caminho das Águas é uma iniciativa extremamente relevante e potente para formação no campo da produção cultural que fortalece a democratização da cultura e os processos de difusão das manifestações dos povos ancestrais”, Sandro Gouveia, pró-reitor de Cultura da UFC.

 

Educação, Arte, Diversidade e Respeito

A Secretária dos Povos Indígenas do Ceará, Juliana Alves – Cacika Irê, explica que o projeto Caminhos das Águas representa uma conquista histórica para os povos indígenas do Ceará. “Essa iniciativa, que atende a um anseio antigo de nossas comunidades, demonstra o compromisso do Ministério da Cultura com o fortalecimento de nossa identidade e a valorização dos nossos saberes ancestrais. Através dessa iniciativa, poderemos desenvolver projetos, educar nossos sentidos e fortalecer a nossa luta. Será um rico momento para os Povos Indígenas do Ceará e estamos vibrando com sua realização, que ocorrerá no território Jenipapo-Kanindé, em Aquiraz”, destacou.

“O curso de formação ‘Caminhos das Águas’ é uma importante iniciativa de capacitação de Povos Indígenas, ampliando o acesso às políticas culturais. Ficamos felizes que essa ação chegue ao estado do Ceará”, explica a secretária de Cultura do Ceará, Luisa Cela.

Para outras informações, entre em contato com trilhaformativa@gmail.com ou procure na página da UFMT.

 Saiba mais: Programa Olhos d’água

  Projeto Caminhos das Águas – fortalecendo fazeres e saberes artísticos e culturais

  Trilha Formativa Educação dos sentidos para fazer sentido: arte como estratégia de comunicação

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