O campo educomunicativo está em construção, e junto com ele vem a mídia-educação (nome mais próximo do que estamos acostumados da Educomunicação ser chamada em outras línguas, media literacy), que está mais próxima da educação nas e para as mídias, enquanto a educomunicação em si é muito mais abrangente e fala de outras áreas. Segundo Simone Monteiro e Joana Milliet, esta é uma área que trabalha mais o consumo crítico e distribuição dos conteúdos nos meios de comunicação. Essa área surgiu e começou a ser pesquisada nos anos 70, e se consolidou por volta dos anos 90, com a criação de ONGs e institutos que trabalhavam com a formação do espectador, ampliação de pesquisas na área, a inclusão do tema nos currículos dos professores, uma variedade maior de páginas na internet, programas de TV e rádio, além de diretrizes internacionais.

No Rio de Janeiro, lugar da pesquisa de Simone e Joana, nos anos 80, a Divisão de Multimeios era a responsável por orientar os professores a usar diferentes tipos de mídia na sala de aula. Em 1985, foram implantadas as primeiras salas de leitura, onde os próprios estudantes poderiam explorar e descobrir novas fontes e novos meios por conta própria. Em 1990, a Divisão de Multimeios passou a ser chamada de Departamento de Mídia-Educação, e seu foco passou a ser a ampliação e qualificação dos estudos e práticas nessa área, assim como a formação dos professores para eles analisar criticamente e aplicar essas mídias. Atualmente, esse departamento é chamado de Gerência de Mídia-Educação, e tem que lidar não só com as possibilidades de uso da tecnologia na sala de aula, mas como lidar com os celulares, com a acessibilidade da informação através da internet e como refocar o uso da tecnologia para o educativo, especialmente dentro da escola e das aulas, uma das questões mais presentes e discutidas na educação atualmente.

Nos períodos de 2005 e 2006, a gerência de Mídia-Educação participou da atualização do currículo de Multieducação, com alguns dos fascículos direcionados para o debate de mídia-educação, tendo inclusive esse termo no texto do Plano Municipal de Educação. Outras iniciativas como o Cineclube nas escolas, e o início da Subsecretaria de Novas Tecnologias Educacionais, que trabalha com ações e projetos para a tecnologia na educação, além da montagem da Educopédia – plataforma online de aulas digitais – envolveram cada vez mais as escolas com a tecnologia, dando mais acessibilidade para essa área.

Considerando esse breve histórico, Joana e Simone fizeram uma pesquisa buscando um mapeamento de ações e projetos que envolviam mídia-educação. O projeto tinha a coordenação geral da Professora da PUC Rosália Duarte, envolvendo também diversos pesquisadores do GRUPEM PUC-Rio, em parceria com o Instituto Desiderata e a Gerência de Mídia-Educação da SME-RJ, tendo como principais objetivos identificar, categorizar e analisar projetos de mídia-educação e de práticas mídia-educativas nas escolas. Isso envolve também entender a situação da tecnologia educacional na escola, quanto a práticas anteriores, corpo docente e infraestrutura.

A pesquisa envolveu primeiramente questionários online com educadores e gestores das escolas públicas do Rio de Janeiro, dividindo as respostas em três categorias, de acordo com a frequência e o tipo de uso das mídias. Poderiam ser então práticas de produção, usos de tecnologias na prática pedagógica, a já citada infraestrutura e as práticas culturais fora da escola. A partir disso foram atribuídos pesos de acordo com a relevância, pertinência e dificuldade das atividades, então mesmo uma escola que sempre aplicava atividades muito fáceis muito frequentemente não teriam uma nota tão alta quanto uma escola que aplica menos atividades de mídia-educação, mas com mais relevância e até mais dificuldade. A frequência teve um peso de 0 a 6, a importância foi de 0 a 3.

Para análise dos produtos midiáticos, foram considerados estes: programas de TV; publicidade; programas de Rádio; matérias jornalísticas; modos de uso de redes sociais; filmes/vídeos; fotografias/imagens e confiabilidade de informações veiculadas pela internet. Na síntese relativa à produção foram considerados 14 itens: fanzine e/ou HQ; revista (impressa/digital); programa de rádio; publicidade; livros; programas de TV; podcast (áudio); produção e atualização de páginas nas redes sociais (Facebook, Twitter, Tumblr etc); postagens na internet (facebook, twitter, wikipedia etc); jornal (impresso, mural, digital, online); fotografias, vídeos/filmes; produção e atualização de sites; produção e atualização de blogs. Para infraestrutura, analisaram-se os recursos de tablets, computadores, conexão com a internet, câmeras, scanners, impressoras, aparelho de DVD, mesa de som, datashow, e qualquer outro item que de certa forma poderiam mudar a aula de acordo com seu uso, considerando a tecnologia como centro.

Para ver os resultados dessa pesquisa, e ver também a análise que ela fez com mais detalhes, baixe nosso livro em https://goo.gl/wHb63r ou https://goo.gl/gyCoV2 (abra o link e clique em download).

 

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