Foto: Eloisa Lopes, ex-aluna da formação em Educomunicação da ABPEducom
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Estão abertas as inscrições para a segunda edição do curso de Formação em Educomunicação da ABPeducom. Até o início das aulas, no dia 19 de maio, iremos trazer detalhes e histórias que envolvem a primeira edição de nosso curso, que foi avaliado com muito sucesso pelos participantes. Hoje, trazemos a história de Eloisa Lopes, mestre e doutoranda pela Universidade de Brasília.
A pesquisadora participou da primeira turma do curso da ABPEducom e avaliou positivamente a experiência: “O mestrado me despertou o interesse em buscar o curso de formação em Educomunicação. No doutorado, os ensinamentos partilhados no curso de formação estão sendo fundamentais para o desenrolar da pesquisa”, afirma.
Confira o depoimento de Eloísa:
No mestrado, durante os anos de 2012 e 2013, desenvolvi a pesquisa intitulada: “Vídeo como ferramenta no processo formativo de Licenciandos em Educação do Campo”. Os objetivos do trabalho foram propiciar a produção audiovisual como recurso potencializador do ensino de ciências interdisciplinar na formação do educador do campo, bem como proporcionar aos participantes o empoderamento e emancipação por meio da produção de vídeos educativos relacionados ao contexto social em que viviam. Meus parceiros nessa pesquisa foram os estudantes do curso de Licenciatura em Educação do Campo (LEDoC), turma “Dandara[1]”, da Faculdade UnB Planaltina, na cidade de Planaltina DF. A LEDoC é um curso voltado especificamente para a formação de educadores do campo e nasce como mobilização dos movimentos sociais por uma política educacional para os sujeitos do campo.
O trabalho foi desenvolvido com 22 educandos, e atendendo as características do curso que acontece em alternância[2] entre Tempo Comunidade (TC) e Tempo Escola (TE) o desenvolvimento das atividades aconteceu tanto na Universidade quanto nas comunidades dos participantes. Foram treze vídeos produzidos de forma independente e com os recursos disponíveis (telefones celulares, computadores e câmeras fotográficas). Todos os educandos participaram ativamente do processo. Os temas apresentados tiveram relação com os conteúdos estudados nas disciplinas e retratavam a realidade do educando demonstrando que eles souberam refletir e problematizar situações próprias da comunidade produzindo audiovisuais educativos e atrativos. Princípios da Educomunicação como a emancipação, aliada a novas descobertas por meio da utilização das tecnologias, bem como a ideia de desafios a serem superados e a tecnologia como direito de todos foram entendimentos demonstrados por eles nas reflexões sobre o processo vivenciado.
Doutorado
No dia 05 de dezembro de 2017, qualifiquei meu projeto de doutoramento, tendo como um dos membros da banca o prof. Claudemir Edson Viana da USP que conheci durante o curso de Formação em Educomunicação promovido pela ABPEducom, entre os meses de agosto e setembro do mesmo ano, em São Paulo. Ele falou sobre Epistemologia da Educomunicação e provocou em mim percepções importantes como os princípios da Educomunicação que foram extremamente relevantes para que o processo de qualificação do meu trabalho acontecesse. No curso tive a oportunidade de dialogar com pessoas de diferentes regiões e entidades, tive orientação e apoio de um experiente corpo docente na área e me senti acolhida em um momento em que me via confusa com muitas informações, com um tema ainda pouco conhecido por mim, a Educomunicação.
Considero que o curso foi um despertar para o que eu vinha desenvolvendo desde o mestrado, o curso abriu meus horizontes para a interface educação-comunicação e me proporcionou bases teóricas concretas para minha pesquisa, ainda em andamento. No momento sigo com o trabalho intitulado “Educomunicação na escola: possibilidades para o Ensino de Ciências” e meu objetivo tem sido identificar, por meio de uma revisão de literatura nas principais revistas da área, de que maneira e em que áreas a interface educação-comunicação está sendo trabalhada no Ensino de Ciências. Até o momento, de modo geral, uma uma análise previamente descritiva, é possível perceber que os artigos mostram mais que metodologias. Exemplificam possibilidades de atividades e projetos muito interessantes que foram desenvolvidas no âmbito das Ciências da Natureza e Matemática. O conjunto de artigos analisados traz um cenário de transformações da sociedade e da demanda por modificações, também, dentro das escolas e sala de aula, afinal as escolas não são ilhas isoladas e alheias às questões sociais, elas comportam em sua estrutura e em sua dinâmica de funcionamento as inquietações de uma sociedade em constante movimento.
Finalizo com a um pensamento, que aprecio muito, do semiólogo, antropólogo e filósofo espanhol, radicado na Colômbia, Jesús Martín-Barbero (1937)
“[…] eu só quero pesquisar o que me dê esperança. Porque pesquisar para me tornar mais triste, mais pessimista, não serve para ninguém. Temos que pesquisar não só o que permite denunciar, mas o que permite transformar, mesmo que seja numa medida muito pequena.”