Foto: Luiz Altieri Soares
Mesa redonda discute a Educomunicação na educação integral
 Foto: Luiz Altieri Soares
O último dia do evento teve início com a realização dos debates da mesa Educomunicação, educação integral e políticas públicas. A partir do eixo das políticas públicas educacionais, foram abordadas tanto as dimensões epistemológicas, metodológicas e práticas de projetos quanto as realizações que têm como base fundamentos da Educomunicação. 

Participaram da mesa a Profa. Dra. Jacqueline Moll – Universidade Federal do Rio Grande do Sul -, a Profa. Dra. Lúcia Helena Alvarez Leite – Universidade Federal de Minas Gerais -, a Profa. Leila Maria Schaan – Diretora do Departamento Pedagógico da Secretaria da Educação do Rio Grande do Sul – e a jornalista Juliana Cristina Cordeiro da rede RENAJOC do Paraná. A mediação do debate coube à Profa. Dra. Rosane Rosa, da Universidade Federal de Santa Maria.

Educação emancipatória e participativa dialoga com a Educomunicação

Foto: Luiz Altieri Soares
A professora Rosane Rosa deu início aos trabalhos da mesa destacando a importância do tema da educação integral no bojo dos debates do VI Encontro Brasileiro de Educomunicação e III EducomSul. A professora mencionou a grande procura que havia tido, no dia anterior, o GT dedicado ao assunto. Fato que ocasionou a proposta de reedição do GT na tarde de 12/06. 
A professora enfatizou ainda a complexidade do tema e a proposta da mesa de abordar as perspectivas epistemológicas que estão norteando a política pública de educação integral no país. Chamou atenção para o fato de que a educação, de acordo com Pedro Demo, deve ser emancipatória e participativa e que a Educomunicação trabalha com esses princípios e dialoga diretamente com o jovem, com seu cotidiano, com sua cultura, transformando a cultura particular da escola e dos alunos para inseri-los em culturas plurais. 
Nessa perspectiva, a participação transforma a escola em um ambiente democrático, possibilitando a criação e difusão do conhecimento sob o olhar inter e transdisciplinar.

Educomunicação pode ajudar a reorganizar o currículo escolar

Foto: Luiz Altieri Soares

A professora Jaqueline Moll começou sua apresentação destacando a emoção por ter sido agraciada com o prêmio Mariazinha Fusari que lhe foi concedido durante o Encontro. Em seguida, tendo como título de sua apresentação a Educação Integral como perspectiva para a reforma político-pedagógica do projeto de educação no Brasil, a professora mostrou um panorama histórico do tema no MEC a partir de sua participação iniciada em 2007, sob a gestão do Ministro Fernando Haddad. 

Jaqueline destacou que sua perspectiva delineou-se, desde o princípio, com base no entendimento da Educação Integral não como algo complementar, mas como algo integrado a todo um projeto de educação voltado à formação integral do aluno. Enfatizou que suas fontes para pensar a Educação Integral foram principalmente Anísio Teixeira, Darcy Ribeiro e Paulo Freire. 
É este último que fornece o principal exemplo dado pela professora sobre a política de Educação Integral sob a perspectiva do Programa Mais Educação implantado pelo MEC durante o período em que trabalhou no ministério. Trata-se do projeto Trajetórias Criativas, realizado no bojo do Projeto de Alfabetização Audiovisual no Programa Mais Educação. 
O princípio norteador do projeto foi criar condições para que as crianças e jovens pudessem narrar-se, historicizar-se, existenciar-se e, dessa forma, adquirir instrumentos para agir na esfera pública e transformá-la de maneira democrática e participativa. Citando Paulo Freire, a professora afirmou que a Educação Integral pode proporcionar “inéditos viáveis” fazendo frente aos mecanismos de seletividade e exclusão que continuam presentes e fortes na educação brasileira. 
Finalizando sua apresentação a professora destacou que é preciso reorganizar o tempo, o currículo conforme prevê a Lei Federal 13.005 e que a Educomunicação pode ajudar nisso.

Educomunicação para além dos equipamentos


Foto: Luiz Altieri Soares

A professora Leila Maria Schaan, destacou, em sua apresentação, alguns dos pressupostos do educador francês Célestin Freinet como fonte de inspiração e de ação para os professores da rede estadual gaúcha. Leila enfatizou a importância e a adoção da Educomunicação como plano de ação pedagógica de formação e de ensino-aprendizagem na rede estadual para o período de 2015-2018. 

Informou que a adesão das escolas a essa política educacional está sendo realizada a partir da solicitação de diretores e professores. Dois destaques de sua fala foram a compreensão de que a Educomunicação não é apenas equipamento e a descrição das ações da Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul para a formação continuada de professores sob a perspectiva da Educomunicação.
Sublinhou ainda a criação e o uso das rádios escolares destacando sua importância no processo ensino-aprendizagem de modo a criar um projeto político pedagógico integrado pensado a partir da escola de tempo integral e não de turno integral. 
Dimensão do cuidado da Educomunicação

Lucia Helena Leite em sua apresentação destacou A Dimensão do Cuidado da Educomunicação. Como ponto de partida, a professora destacou o pensamento de Paulo Freire sobre comunicação e organizou sua exposição a partir de quatro ideias centrais: a escola como mundo à parte; a educação como um direito, como conquista dos movimentos sociais; a cidade educadora a partir da constituição de territórios educativos; a educação integral e integrada como um encontro da escola com a comunidade. 

Foto: Luiz Altieri Soares
Em sua fala a professora destacou que geralmente se apresenta a escola de tempo integral como um lugar para colocar em segurança o jovem e a criança, com finalidade de protegê-los da violência. Mas seria somente isso?

A professora defende ações pedagógicas que possam integrar a escola e os alunos à comunidade e à cidade, rompendo a cultura do isolamento da escola aos muros que a cercam, que a isolam do contexto social e cultural de seu entorno. 

A partir de exemplos de projetos realizados em Belo Horizonte foi possível perceber que os mesmos buscam romper com o isolamento da escola e criar territórios de aprendizagem no bairro, na cidade, proporcionando uma (re)apropriação do espaço urbano pelos escolares.

Educomunicação e seu papel transformador


Foto: Luiz Altieri Soares

A jornalista Juliana Cristina Cordeiro estruturou sua apresentação em torno do papel da Educomunicação em sua trajetória de vida, destacando a importância de sua participação, aos quinze anos de idade, em um projeto educomunicativo que transformou sua vida. 

Juliana contou seu processo de transformação por meio da Educomunicação. Narrou os processos educomunicativos implicados nessa transformação a partir do contato com a organização Viração. 
Juliana convidou para subir ao palco educomunicadores da Viração destacando o papel deles para a transformação social e cultural das pessoas e, consequentemente, da sociedade.
 

Relatoria: Profa. Maria Cristina Palma Mungioli