Paola Prandini atua com projetos na temática da identidade negra


Disponível na Biblioteca de Teses e Dissertações da USP, o estudo “A cor na voz: linguagem e identidade negra em histórias de vida digitalizadas contadas por meio de práticas educomunicativas”, de autoria da sócia-fundadora da ABPEducom, Paola Prandini, traz à tona a temática da identidade negra, pautada nos campos da Educomunicação e da Linguagem. 


Sob orientação da Profª Drª Maria Cristina Palma Mungioli, o estudo de caso teve como enfoque analisar, por meio de seus próprios discursos, os processos de construção de identidade negra de jovens do Ensino Fundamental II de uma escola pública da periferia da cidade de São Paulo. Inclusive, a banca de defesa da dissertação contou com a presença do Prof. Dr. Ismar de Oliveira Soares, presidente da Associação, e da Profª Drª Maria Isabel Rodrigues Orofino, da ESPM/SP, que também já atuou na Educomunicação. 

O quadro teórico sobre o qual se assentou a pesquisa teve como base a Educomunicação, as práticas do Digital Storytelling, os estudos de linguagem empreendidos por Bakhtin, a Análise de Discurso (de linha francesa) e os conceitos relacionados ao “ser negro” no contexto sociocultural brasileiro. 

Já a pesquisa de campo contou com a realização de oficinas educomunicativas com um grupo de jovens de uma mesma sala de aula, capacitando-os para a criação de vídeos tendo como base suas histórias de vida, que constituíram parte fundamental do corpus da pesquisa. 

Para além do trabalho com as habilidades técnicas, o projeto contou com rodas de discussão a respeito do conceito de identidade em suas dimensões sociais e individuais. Cabe ressaltar que também foram objeto de análise as estratégias educomunicativas empregadas pela pesquisadora e os discursos dos alunos registrados ao longo do desenvolvimento da pesquisa.

Para a elaboração da narrativa audiovisual, foram utilizados os procedimentos do Digital Storytelling e, dessa forma, pôde-se observar a produção de sentidos identitários individuais e sociais, na medida em que esta coloca em marcha um processo em que os sujeitos – os alunos – constituem-se como autores de suas próprias histórias. 

Os resultados da pesquisa indicam que, ao se constituírem como instância enunciadora, tais sujeitos dão início a um processo de conscientização em relação a si mesmos e ao grupo social, o que se torna possível graças ao distanciamento propiciado pelo ato de se autonarrar. Nesse sentido, Paola Prandini enfatiza que “esse processo de construção identitária, de reconhecimento de si-mesmo, ganha corpo por meio da alteridade, que pode propiciar a aquisição da consciência social de si mesmo e, assim, do “ser negro” na sociedade brasileira”.

Além disso, Paola também ressalta a importância da abordagem educomunicativa no processo conduzido junto aos jovens. “A partir da prática educomunicativa, com a criação de um ecossistema comunicativo, os participantes da pesquisa puderam ultrapassar possíveis barreiras da relação professor-aluno para que, libertos, pudessem falar de si mesmos e de suas experiências, tendo, inclusive, os seus relatos digitalizados”. 

A pesquisadora também é proprietária da consultoria Afroeducação que desenvolve projetos culturais com enfoque educacional embasados em conceitos e práticas educomunicativas para atender à demanda da obrigatoriedade da Lei Federal n. 10.639/03 que tornou obrigatório o ensino de História e Cultura Africana e Afrobrasileira na educação básica.

Outras pesquisas sobre Educomunicação podem ser acessadas na listagem de publicações que a ABPEducom está realizando no blog ViradaEducom.Pesquisas.