A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), em seu mais recente edital do Programa de Pesquisa em Políticas Públicas, selecionou, dentre 70 propostas, o projeto intitulado “Como a educomunicação pode ampliar e qualificar as práticas de educação climática na Educação Básica no Brasil?” co-coordenado por Ismar de Oliveira Soares, presidente da ABPEducom, e Thaís Brianezi, docente da Licenciatura em Educomunicação da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. O projeto, que foi contemplado com duas bolsas de doutorado, duas de mestrado e duas de jornalismo científico, também contará com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças do Clima (MMA), assim como com a participação do Ministério da Educação (MEC) e da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP). 

O projeto de pesquisa tem como objetivo inicial um mapeamento das principais organizações de educação e comunicação que atuam no Brasil debatendo as mudanças climáticas, que culminará na produção de um diagnóstico geral sobre o tema, desde sua distribuição geográfica até às metodologias utilizadas pelas organizações analisadas. Segundo o texto aprovado pela fundação, as práticas de educação climática vistas no país são limitadas, e tendem a conter em si “uma leitura conteudista com um rol de dicas e sugestões práticas de caráter comportamental, simplista, reducionista e descontextualizada”.

Para Brianezi “Já tem muita gente usando a Educomunicação para mobilização e ativismo, como projetos coletivos e educação popular, para trabalhar a emergência climática Brasil afora”. Nesse sentido, o projeto de pesquisa pretende investigar de que forma as práticas educomunicativas podem contribuir para que o conhecimento sobre as mudanças climáticas integrem de forma crítica o cotidiano das práticas escolares, como defende Ismar Soares. “A meta é identificar e sistematizar as práticas educomunicativas que vêm sendo implementadas nos espaços da Educação Básica, no Brasil, em torno à educação ambiental, tendo como foco a realidade representada pelas mudanças climáticas, com o objetivo de contribuir para fortalecer a empatia das novas gerações em relação à necessidade de rever suas relações com os ecossistemas onde vivem e atuam. O foco, enfim, é o de colaborar com a Educação Básica brasileira para que contribua sistematicamente com a formação dos jovens brasileiros,  a partir da Educomunicação, para que a nova geração passe a entender a urgência de se comprometer com defesa da Mãe Terra”, afirma o presidente da ABPEducom.

Após a etapa de identificação e sistematização, o projeto focará em um processo de formação de professores(as) da Educação Básica da rede municipal de ensino de São Paulo, em cursos relacionados à educação ambiental, atingindo cerca de 220 profissionais de educação que atuam nas 65 escolas integrantes da iniciativa. 

Para Soares, o projeto se insere em um contexto específico vivenciado na América latina nos últimos dez anos: o crescimento do denominado  “Buen Vivir”, movimento pautado pela defesa de uma relação solidária entre os seres humanos e a natureza. “O clamor em torno ao resgate do conceito ‘Buen Viver’ tem levado muitas comunidades indígenas dos países andinos a adotar a prática educomunicativa, na mobilização das novas gerações de suas comunidades. No caso, a ação educomunicativa coloca o jovem em diálogo com o meio ambiente, em posição de permanente defesa e restauração. É justamente nesta direção que caminha o projeto”, afirma o pesquisador. 

 

Luís Felipe de Oliveira Scala é graduado em Educomunicação pela Escola de ​Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Por meio do Programa Unificado de Bolsas da Universidade de São Paulo ​(PUB/USP), atuou como colaborador do Núcleo de Comunicação e ​Educação da Universidade de São Paulo (NCE/USP). Em 2022 integrou a equipe de comunicação da então vereadora Erika Hilton, na ​Câmara Municipal de São Paulo.