Foto: Luiz Altieri Soares
Mesa redonda discute relações raciais e direitos humanos
Crédito: Luiz Altieri Soares

Com a hashtag ‪#‎6educom3sul‬, os participantes do VI Encontro Brasileiro de Educomunicação e III Educom Sul reverberam pelas redes sociais as principais discussões do evento que se iniciou hoje e vai até o dia 12 de junho. Além de compartilhamento pelo Facebook e Twitter, o Portal EBC está dando destaque ao evento que tem por tema “Diversidade e Educomunicação: tecendo saberes e integrando práticas” – nome também da primeira mesa redonda que trouxe discussões sobre o negro, indígena e direito à comunicação.

Negro. Índio, Brasil e África. Foram os principais destaque dessa mesa que discutiu a diversidade a partir da produção audiovisual, dos diálogos em torno da identidade indígena e das experiências educomunicativas dos jovens brasileiros que atuam com a revista Viração e africanos em Guiné-Bissau.

Foto: Luiz Altieri Soares

Beleza não é atributo de raça. Como descolonizar nossa mente?
A expressão acima foi dita pelo professor Dr. Joel Zito Araújo, diretor da Casa de Criação Cinema, do Rio de Janeiro-RJ. “O nosso inconsciente cultural é contaminado pela estética televisiva, na qual a imagem do negro é preterida”, destacou.

Apenas nos anos noventa é que o negro começa a aparecer com certo destaque nas novelas brasileiras. Entretanto, a ele ainda é reservado papeis secundários ou o estigma do “branqueamento” (um branco que interpreta o papel de um negro, por exemplo). “Discutir diversidade é preciso para descolonizar as nossas mentes.”

O indígena não se vê nos livros didáticos
“Nós, indígenas estamos cansados dos estereótipos colocados sobre nós”. Assim, expressou-se a professora Dra. Naine Terena de Jesus da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) que discute a diversidade a partir da identidade indígena. A ausência dos índios nos livros didáticos é um grande desafio enfrentado nas escolas indígenas, pois se “eles não se veem, também não se reconhecem”. 
Um exemplo citado pela pesquisadora foi em relação à Guerra do Paraguai em que o Povo Terena foi convocado, mas a história não dá esse crédito a eles. Com a utilização dos recursos tecnológicos, hoje os professores fazem a mediação para que os alunos investiguem a história de seu povo e façam o registro oral, prática que os anciãos têm visto com bons olhos.


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Comunicação é direito humano

O direito à comunicação teve duas abordagens a partir das práticas educomunicativas da Revista Viração, de São Paulo-SP, e da Rede de Jovens Jornalistas de Guiné-Bissaú, África. Nesse contexto, a comunicação é visto como um direito humano que precisa ser valorizado, encontrando potencialidade no protagonismo juvenil por meio de uma produção colaborativa.
Resgatando sua experiência educomunicativa no NCE-USP (Núcleo de Comunicação e Educação) e na Viração, a jornalista e mestre em Educomunicação e Direitos Humanos, Maria Célia Giudicissi Rehder fez sua apresentação a partir do mestrado defendido na Itália, tendo como objeto de pesquisa os jovens africanos. Assim, a diversidade e políticas democráticas de comunicação. Atualmente, Maria Célia é coordenadora e Projetos da Campanha Nacional pelo Direito à Educação e finalizou sua apresentação com um vídeo que produziu sobre os estudantes coreanos durante o Fórum Mundial Social, que não foram convidados para o evento. 
“Diversidade e políticas democráticas de comunicação: a educomunicação como prática social e estratégia de ação” foi a temática abordada pela jornalista Vânia Araujo Correia da Viração. “Ccomunicar é um ato político”, por isso, é preciso haver mobilização no país para entendimento da comunicação como um direito humano, o que pode ser potencializado pelas práticas educomunicativas que abrem espaço para os jovens produzirem material comunicativo a partir do seu olhar.
Uma mesa que apresentou perspectivas educomunicativas
Para o mediador dessa mesa, professor Dr. Adilson Odair Citelli (ECA/USP), há uma luta acirrada na sociedade. De um lado, os movimentos sociais lutando pela garantia dos direitos humanos a partir da diversidade enquanto grupos hegemônicos se articulam tentando a aprovação de leis no Congresso Nacional. Para Citelli, a principal questão envolvida é a intolerância.
Esta mesa procurou apresentar uma abordagem interdisciplinar, colocando em debate pontos de vista de especialistas com experiências em políticas e práticas da comunicação relacionadas ao tratamento das questões inerentes às vivências da diversidade em seus diferentes ângulos. Levantará também elementos para entender qual tem sido a contribuição da Educomunicação para a proposição de referenciais destinados a construir ecossistemas comunicativos ricos por suas aberturas às diferenças.