Com todas as adversidades trazidas pela pandemia de Covid-19, o campo da Educomunicação se viu diante da necessidade de se reinventar e encontrar saídas para as restrições impostas pelo distanciamento social. As conquistas e dificuldades enfrentadas ao longo de 2020 foram relembradas por associados da ABPEducom na última live do ano, com o tema “Educomunicação em 2020: balanço e perspectivas”. Assista à gravação completa no vídeo abaixo.
Além dos mediadores Paola Prandini, diretora cultural da ABPEducom, e o associado Mauricio Virgulino – dupla que acompanhou os 16 encontros do ciclo de lives, iniciado em maio –, a conversa recebeu Maria Rehder, vice-presidente da associação, e Felipe Saldanha, diretor de Comunicação. Celebrando os resultados positivos de um ano que impôs o desafio repentino de manter as atividades educomunicativas a todo vapor em meio a tantas barreiras, os convidados destacaram as vantagens dos eventos online.
“A iniciativa das lives trouxe um resultado que almejávamos há muito tempo”, reflete Rehder, referindo-se à possibilidade de unir pessoas espalhadas por diversas regiões do Brasil e do mundo. A especialista também enfatizou a multiplicidade de vivências entre os convidados das lives. “Parabenizo a diversidade e a representatividade de diferentes propostas, idades e cores”, disse Rehder, elogiando a função da ABPEducom de extrapolar os muros da academia e criar encontros entre educadores, pesquisadores, crianças e adolescentes.
A pluralidade foi um fator presente tanto entre os participantes quanto entre os temas das lives, que abordaram desde pautas do momento, como Educação Especial Inclusiva, desinformação e os 30 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, até assuntos mais atemporais, como Educomunicação Socioambiental e a produção de jogos, podcasts e quadrinhos.
Sem minimizar os êxitos, os mediadores da conversa destacaram as barreiras de inclusão enfrentadas. “A pandemia nos apresentou o quanto as desigualdades estão presentes e acirradas”, refletiu Prandini, abordando a dificuldade de acesso à internet por grande parte da população. Compartilhando aprendizados assimilados ao longo do ano, Virgulino citou as lacunas de acessibilidade. “Percebemos que precisávamos de um processo de inclusão de pessoas com deficiência visual, então começamos a colocar autodescrição nas lives”, explicou.
Além das lives
Os encontros virtuais foram apenas um dos resultados conquistados em 2020. “A Educomunicação conseguiu provar ainda mais seu valor”, sintetizou Felipe Saldanha, relembrando diversas contribuições dos educomunicadores ao longo do ano e complementando que o campo foi essencial para “a manutenção de vínculos entre educandos e educadores, já que, nesse momento de atividades remotas, o problema da evasão e do distanciamento dos alunos de seu ambiente escolar se tornou muito agudo”.
As iniciativas da ABPEducom foram muitas, mesmo à distância: a associação lançou dois e-books, contribuiu com a revisão do currículo internacional de Alfabetização Midiática e Informacional por meio de uma parceria com a Unesco MIL Alliance, concretizou a criação do Núcleo Regional do Nordeste, integrou o Pacto Educativo Global e apoiou muitas iniciativas, como o Programa Horizonte Oceânico Brasileiro (HOB) e o Coletivo ArquePerifa.
Em um ano de pandemia, a Educomunicação também tem deixado contribuições importantes para a área da saúde, com o projeto Educom.Saúde-SP, que teve sua segunda edição em 2020, com mais de 300 profissionais inscritos em todo o estado de São Paulo. “A gente não imaginava que viria uma pandemia e, por iniciativa da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), órgão ligado à Secretaria Estadual da Saúde, surgiu um projeto tão maravilhoso”, comentou Rehder.
Reconhecimento internacional
Os educomunicadores brasileiros também celebraram o prêmio concedido pela Aliança Global para Parcerias em Alfabetização Midiática e Informacional (GAPMIL), da Unesco, ao professor Carlos Lima. Coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP) e associado da ABPEducom, o educador levou o troféu de terceiro lugar pelo projeto Imprensa Jovem, iniciado em 2005 pela SME.
Segundo Rehder, o prêmio é uma porta de entrada para que o projeto inspire a aplicação de metodologias similares em outras regiões, promovendo a Alfabetização Midiática e Informacional (AMI) na educação básica, de acordo com as especificidades de cada país. Ela comemora que “o reconhecimento de que a experiência do Imprensa Jovem é replicável em outros territórios vai inspirar o novo currículo global da Unesco na temática da AMI”.
Para Saldanha, o balanço final revela um panorama bastante propício para o campo. “Às vezes nós temos a impressão de que por conta da pandemia houve uma retração das nossas ações, mas, por mais que elas tiveram que ser ressignificadas, o saldo do que foi feito em todo o Brasil e com atores internacionais demonstra a vivacidade da Educomunicação, que está mais ativa e presente do que nunca”, celebra.