A disseminação de notícias falsas pode ter consequências sérias, como causar constrangimentos, injúria e a difamação de pessoas e organizações. Esse foi um dos assuntos abordados na décima primeira transmissão do ciclo de lives da ABPEducom, em 6 de outubro, com o tema “Desinformação e Educomunicação”. O encontro foi realizado em parceria com a recém-lançada Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD).

O evento teve a participação de Ana Regina Rêgo, coordenadora da RNCD, Lisa Rodrigues, professora da Faculdade Estácio de Sá em Campo Grande (MS) e integrante do Conselho Consultivo Deliberativo da ABPEducom, e Felipe Schadt, educomunicador, podcaster e sócio da ABPEducom. A mediação foi dos pesquisadores Paola Prandini (diretora cultural) e Mauricio Virgulino (associado). Assista à gravação completa no vídeo abaixo.

A abertura da live foi feita por Rodrigues, que contou como a Educomunicação e seus alunos de Jornalismo e Publicidade a levaram a estudar o tema da desinformação. A docente relatou que passou, em sala de aula, produções de rádios e podcasts realizadas por estudantes da Educação Básica. Após terem contato com esse material, um grupo passou a desenvolver estudos sobre o tema por meio de iniciação científica, sob sua coordenação. A pesquisa analisou como os futuros comunicadores olham a questão da desinformação e da ética.

Os resultados revelaram que cerca de 50% dos estudantes do Centro-Oeste desconheciam o que é uma agência de fact-checking. A maioria apontou dificuldade para identificar o que é desinformação. Os dados coletados também demonstraram que a ética, na visão dos entrevistados, é um valor imutável; entretanto, acreditam que ela está relacionada à necessidade do mercado e de sua própria sobrevivência – nesse sentido, a empresa na qual o indivíduo trabalha interfere em seu comportamento.

Schadt relatou sua experiência na realização do podcast “Sob COVID”, programa que ganhou vida com ajuda de pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP). A equipe, interessada em desmitificar as falsas notícias sobre a pandemia, já tinha construído a plataforma “Covid Verificado”, que dispõe de um arsenal de informações apuradas. A parceria constitui-se em notícias divulgadas por meio de episódios semanais, com duração de 10 a 15 minutos.  O objetivo do grupo é o de disseminar as informações verificadas via WhatsApp, ferramenta que mais fomenta a distribuição de fake news no país.

Para aprofundar um pouco mais o diálogo, Rêgo falou sobre o mercado da construção da ignorância. Suas pesquisas permeiam a temática da desinformação por meio das perspectivas histórica e política. Segundo ela, houve um aumento significativo da disseminação de informações falsas durante a pandemia, principalmente nos três primeiros meses de isolamento social. Rêgo ainda complementou que esse processo ocorreu, em grande parte, em consequência da dinâmica mercadológica das grandes plataformas virtuais. A convidada também mencionou o terraplanismo e o movimento antivacinação entre os exemplos de como as falsas notícias podem ser prejudiciais à sociedade como um todo.