A Educomunicação foi debatida em evento promovido na última quinta-feira, 13 de setembro, pela Superintendência de Controle de Endemias do Estado de São Paulo (SUCEN), em São Paulo. O Seminário “Estratégias de Vigilância e Combate ao Aedes aegypti – Vetor de Arboviroses urbanas no Estado de São Paulo” contou com a participação de 120 gestores de saúde e responsáveis pelo controle de vetores dos municípios paulistas com mais de 100 mil habitantes. O público presente pôde refletir sobre o que é a Educomunicação e as possibilidades de seu uso estratégico na vigilância e combate ao Aedes aegypti.
Para o professor Ismar de Oliveira Soares, professor titular do Departamento de Comunicação e Artes da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (CCA-ECA-USP) e presidente da ABPEducom (Associação Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação), a Educomunicação ter sido destaque neste evento representa um marco para o campo e confirma o reconhecimento das potencialidades para a realização de práticas educomunicativas na área da saúde. “A Educomunicação pode apoiar os profissionais da saúde a materializar a intersetorialidade no território a partir da realização de práticas dialógicas que envolvam diferentes órgãos públicos, organizações da sociedade civil local e comunidade, com ativa participação de crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos”, afirmou Soares.
Ao introduzir o tema no evento, Irma Neves, assessora técnica de saúde compartilhou que desde 2017 teve contato com o tema da Educomunicação, sobre o qual ela fez uma breve pesquisa e compartilhou com os participantes durante uma Oficina naquele ano no contexto de revisão das bases técnicas e cientificas do Programa de Controle das Arboviroses Urbanas no Estado de São Paulo que incluía o eixo de Comunicação em Saúde sobre os possíveis caminhos para uma resposta palpável nas ações de vigilância e controle das doenças transmitidas pelo Aedes. Depois disso, seguindo as recomendações finais da oficina para aprofundar e pesquisar mais sobre a temática é que fez contato com a ABPEducom e com o Núcleo de Comunicação e Educação da Universidade de São Paulo (NCE-USP), participando em julho deste ano do curso “Educomunicação: princípios, práticas e gestão”, promovido pela ABPEducom nas instalações do Colégio Dante Alighieri em São Paulo.
“Foi assim que me aproximei mais desta área do conhecimento que é uma terceira via entre os campos da educação e comunicação e por essa razão é que fizemos o convite a Carlos Lima para apresentar a experiência municipal com educomunicação, pois acredito que os municípios anseiam por inovações nesta área”, explicou Irma Neves durante o evento, cujo destaque para Educomunicação é um dos frutos de sua participação no curso que, segundo ela, abriu uma janela de diferentes possibilidades de práticas sociais, com relações horizontais centradas no diálogo e participação de todos os envolvidos.
Experiências exitosas de educomunicação em saúde, educação e direitos humanos
Experiências em Educomunicação no Município de São Paulo foi o tema da mesa apresentada pelo professor Carlos Lima, coordenador do Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP). Lima iniciou a sua fala apresentado um vídeo motivador produzido pelos estudantes do projeto Imprensa Jovem com reportagens sobre o combate à Dengue, o que evidenciou ainda mais a importância da intersetorialidade entre saúde e educação para a erradicação de doenças e os resultados concretos da participação infanto-juvenil nas ações de prevenção ou mudança de comportamento em saúde.
O histórico da experiência exitosa em Educomunicação como política pública na rede municipal de ensino de São Paulo chamou a atenção dos participantes. “Um dos diferenciais da Educomunicação é que ela é tão flexível que literalmente cabe em qualquer quintal, ou seja, no meio ambiente, na educação, na saúde, podendo ser a ponte entre profissionais de saúde e a população. É fundamental, no entanto, que a população participe da concepção dos planos de comunicação e planejamento das atividades das instituições que trabalham com saúde”, ressaltou Lima.
Durante a sua exposição sobre Educomunicação, os participantes do evento também puderam ver como é fácil produzir programas de comunicação. “Não quero tirar a importância do investimento público em equipamentos técnicos, mas é possível com um celular realizar produções com autonomia e muita qualidade”, afirmou Lima, também incentivando os participantes para o uso de software livre gratuito e conteúdos em REA – Recursos Educacionais Abertos. As informações sobre o Núcleo de Educomunicação da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo (SME-SP) estão disponíveis pelo aplicativo: http://app.vc/educomsme.
Em representação da ABPEducom, a vice-presidente Maria Rehder, apresentou a programação do II Congresso Internacional de Comunicação e Educação e VIII Encontro Brasileiro de Educomunicação que será realizado na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP) entre os dias 12 e 14 de novembro em São Paulo (Informações em www.abpeducom.org.br/congresso). Rehder ressaltou a importância da participação dos gestores de saúde e responsáveis pelo controle de vetores neste Congresso Internacional para o intercâmbio de experiências com educomunicadores da África, Europa, Canadá e América Latina. Ela inda compartilhou experiências exitosas de educomunicação para a mudança de comportamento em saúde (combate à desnutrição e prevenção ao HIV-AIDS) que desenvolveu na Guiné-Bissau onde trabalhou como Oficial de Comunicação e Advocacy da ONU no país e também no Quênia e Botsuana, onde atuou como consultora do PNUD e do Departamento de. Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde do Brasil. “O processo da educomunicação na saúde pode de fato permitir espaços de escuta, participação e construção coletiva que são fundamentais para a promoção da mudança de comportamento salvando vidas e garantindo direitos”, concluiu Rehder.
Fonte: ABPEducom – www.abpeducom.org.br
(Associação Brasileira dos Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação). Veja as fotos: